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A palha e o grão

1. Mário Centeno é um dos vencedores mais recentes da política portuguesa. Ele que não é, de todo, um político.

No Governo, tem um percurso feito de trabalho e competência e ganhou.

Os resultados estão à vista. De um ministro das Finanças o país espera eficácia.

Temos um défice não superior a 2,1% do PIB, um crescimento económico baseado no aumento do investimento privado, as exportações a subir, o turismo a bater todos os recordes, menos 250 desempregados todos os dias de 2016…

Isso não caiu do céu, foi resultado da política económica do Governo e essa política tem um rosto: MÁRIO CENTENO.

A perseguição movida pela direita ao titular das Finanças é uma infâmia perversa. Como não conseguem derrubar a obra, atacam o carácter.

Acusam-no de ter falado demais, de enviar mensagens de telemóvel inoportunas sobre a entrega de declarações de património no Tribunal Constitucional, fazem insinuações cobardolas e chicana política. E tentam envolver tudo e todos, incluindo o Presidente da República e o primeiro-ministro.

A proposta de criação potestativa de uma Comissão de Inquérito ao processo de Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos poucos meses depois do atual Governo tomar posse, é um estratagema ardiloso de alcance múltiplo.

O PSD/CDS estiveram no Governo mais de 4 anos, tinham maioria absoluta na Assembleia, um Governador do Banco de Portugal amigo e nunca se lembraram de averiguar os problemas da Caixa ou as imparidades existentes entre 2000 e 2015.

Mas agora, início de novo ciclo governativo, já entendiam que o banco público merecia ser objeto de uma investigação profunda!

Não, a ideia do PSD/CDS nunca foi investigar nada. A sua ministra das Finanças foi perentória ao afirmar que em 2014 e 2015 a CGD estava bem e cumpria todos os parâmetros junto do BCE e do Banco de Portugal.

A sua estratégia foi sempre a guerrilha política, ter um palco permanente para atacar a recapitalização, fazer da Caixa uma arma de arremesso político, “autopsiar” um banco vivo e absolutamente central no nosso sistema financeiro e na economia, para mais facilmente a desvalorizar e facilitar a privatização, objetivo último de Passos Coelho.

E tudo serve para alimentar esta “fogueira de irresponsabilidade”, criar uma dramatização artificial no funcionamento da tal Comissão de Inquérito, para desgastar a imagem da Instituição.

A demissão do seu Presidente ajuda ao clímax mediático.

A coscuvilhice, a violação do dever de sigilo, a divulgação de documentos confidenciais, a utilização ilegal de hipotéticos meios de prova, só deixam ficar mal colocados os deputados da Assembleia da República.

Para esta direita, o interesse nacional é uma treta!

2. Há um certo comportamento bipolar do PSD/Guarda no que à saúde diz respeito.

É colocado um novo médico em Figueira de Castelo Rodrigo, contratam-se mais técnicos e enfermeiros, abrem-se concursos para novos projetos e o mérito vai direitinho para a gestão local.

Faltam especialistas, há infiltração de água na Ortopedia, então a culpa é deste Governo.

O PSD descobriu agora, na oposição, que o Hospital Sousa Martins «regista um grave défice de médicos em diversas especialidades, de que são exemplo a Cardiologia, a Ortopedia e a Radiologia».

Em 2015 não havia défice nenhum. Não era o PSD que, em campanha eleitoral, proclamava, que na Guarda a saúde era um não problema?

O drama que vivemos na semana passada obriga-nos a todos a ser mais responsáveis, rigorosos, existentes e humildes, a bem do distrito.

PS – Cavaco Silva fala em prestação de contas, mas o que os portugueses sentem é vingança e mesquinhez, imagem de marca de um Presidente sem lugar na História.

Por: Santinho Pacheco

* Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda

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