P – Quais os objectivos da nova direcção da delegação de Castelo Branco da Associação Portuguesa de Deficientes (APD) para este mandato?
R – São os mesmos da anterior direcção. Vamos dar continuidade e fazer alguns acertos naquilo que vejamos que é importante melhorar. Em primeiro lugar, a nossa sede precisa de obras porque o edifício está a ficar muito deteriorado. Por outro lado, também estávamos a pensar tentar encontrar outra sede com acessos muito mais fáceis do que a actual, pois, normalmente, as pessoas têm que passar no meio da via pública e ainda por cima numa rua com imenso movimento. O que é difícil para quem usa cadeira de rodas, principalmente nos dias de chuva. Portanto, encontrar uma nova sede é mesmo a nossa grande prioridade. Outro objectivo é trabalhar em colaboração com outras associações ligadas à deficiência no distrito de Castelo Branco para tentarmos encontrar objectivos comuns. Assim, em vez de trabalharmos isoladamente, poderemos levar a cabo acções conjuntas mais eficazes para ver se erradicamos a questão da exclusão e da discriminação, que continua a ser ainda muito notória na região.
P – Abordou a questão dos acessos. Uma das grandes dificuldades com que os deficientes se debatem são as barreiras arquitectónicas em edifícios públicos. O que tem feito a associação para combater estas situações?
R – Temos feito algumas campanhas de sensibilização e tentado trabalhar com as Câmaras e Juntas de Freguesia. Esta também é uma prioridade nossa, no sentido de tentar que a Associação passe a ter junto das autarquias um papel consultivo, funcionando como um parceiro de consulta para ajudar a melhorar as acessibilidades e tudo aquilo que tenha a ver com a problemática da deficiência nesta zona.
P – Quais os principais problemas com que a associação se debate?
R – Os grandes problemas são as acessibilidades e a falta de dinheiro e de apoios monetários e não só. Gostaríamos de caminhar agora para uma nova vertente, que seria prestar alguns serviços, por exemplo, ao nível do apoio jurídico, social e psicológico, que ajudassem as pessoas com deficiência e as suas famílias. Mas isso só será possível numa nova sede que seja mais ampla. Na actual não temos espaço adequado para poder prestar esses serviços e essa é outra das nossas dificuldades. Prestar esses serviços seria uma mais-valia para a própria associação e para os nossos associados do distrito de Castelo Branco. A associação não recebe qualquer apoio por parte do Governo, só vivemos da quotização dos cerca de 850 sócios, que pagam seis euros por ano, e também de algumas ajudas pontuais por parte dos municípios e de várias empresas.
P – Arranjar emprego para as pessoas com deficiência continua a ser uma situação complicada?
R – É muitíssimo complicado, porque as empresas e o próprio Estado continuam a não viabilizar essa possibilidade. Por outro lado, muitas vezes, as pessoas que andam em cadeiras de rodas ou não têm possibilidade de se deslocar acabam por não poder estudar. Ao nível da empregabilidade, como as pessoas também não têm muitas posses, deixam de estudar e depois o mercado de trabalho também acaba por não responder às suas necessidades.
P – Acha que as pessoas ainda estão pouco sensibilizadas para os problemas dos deficientes?
R – Sem dúvida que sim, embora comece a haver maior abertura, mas ainda há muito trabalho a fazer ao nível da educação, de adultos e das crianças. Há algumas excepções positivas como, por exemplo, uma iniciativa da Escola Quinta das Palmeiras. Fomos contactados para apoiarmos um projecto em que, durante três dias, vão apresentar várias exposições de trabalho que têm a ver com a descriminação e a exclusão das pessoas. Vão também fazer uma série de jogos, numa iniciativa aberta a toda a população. Quanto mais se falar na situação dos deficientes melhor, porque são “véus que vão caindo”, o que mostra que as pessoas ficam cada vez mais sensíveis a toda esta problemática.