Um dos textos mais irónicos de Fernando Pessoa sobe ao palco do grande auditório do TMG, amanhã à noite, pela companhia João Garcia Miguel. Trata-se de “O Banqueiro Anarquista”, onde – ironia das ironias – um banqueiro considera a sua vida exemplificativa do verdadeiro anarquismo por ter conseguido libertar-se, social e financeiramente, graças ao dinheiro que ganhou.
É a evolução clássica de um ponto da escala política, até ao seu oposto, no decorrer de uma vida, tão comum nos nossos políticos e porque não também em alguns dos mais conhecidos membros da nossa finança e economia. A encenação é de João Garcia Miguel, para quem esta peça é um «emblema paradoxal da liberdade e da guerra. A sua pertinência, o seu sentido de humor e de ridículo, leva-nos a reflectir sobre os caminhos que deixamos que escolham por nós». Nesse sentido, a forma como se desenrola é semelhante aos “reality-shows” actuais ou aos programas confessionais, «onde se tece a biografia pessoal em termos mais ou menos fantasiosos». alega. Interpretam Anton Skrzypiciel, Ana Rosa Abreu, Isa Araújo, João Pedro Santos e Sara Ribeiro.