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A Guarda e o Cuco

O Cuco-Canoro é uma ave que, em vez de construir ninho, deposita os seus ovos nos ninhos de outras aves. É o que se chama chico-espertice.

Na semana passada o senhor presidente da Câmara Municipal da Guarda convidou para uma sessão pública destacando os seguintes pontos:

– Assinatura do acordo de supressão das passagens de nível da linha da Beira Baixa e da Linha da Beira Alta-estrada Variante da Sequeira;

– Apresentação da Minuta de Acordo de Colaboração para a melhoria das Acessibilidades à Estação Ferroviária e ao Terminal Rodoferroviário da Guarda.

Estranho convite este! Assinatura de acordo com quem? Acordo de colaboração? Quem é o colaborante? Dá ideia que o objetivo era focar tudo no senhor presidente e que aquilo era só obra da Câmara.

Sabemos agora que afinal havia outros: a Infraestruturas de Portugal, empresa pública sobre a tutela do Governo e do ministro Pedro Marques, e o seu presidente António Laranjo.

E não eram um outro qualquer, para serem omitidos do convite; são quem vai pagar o total dos 4 milhões de euros que custa a Variante da Sequeira e ainda 750 mil euros de uma intervenção de um milhão de euros na rede viária da zona da Estação.

Para a Guarda tudo e ainda bem que assim é.

Estação talismã no programa Ferrovia 2020, no lançamento das obras de modernização das Linhas da Beira Baixa, da Linha da Beira Alta, da Concordância das Beiras, no projeto de uma plataforma ferroviária enquanto âncora do desenvolvimento da região, o acordo histórico agora alcançado só é possível graças à visão estratégica do atual Governo.

Por ser assim – factos são factos – alguém quis tirar o Governo do convite e da cerimónia.

A imitação do Cuco? Não havia necessidade!

Por: Santinho Pacheco

* Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda

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