Esta crise dos refugiados que todos os dias nos entra em casa tem um momento tristemente assinalado como “Cimeira dos Açores” que foi o início da destruição de grande parte do médio oriente (Iraque, Síria, países do Magrebe etc.). A imagem dos “Senhores da Guerra” (Bush, Blair, Aznar e Durão Barroso) é uma daquelas que nos deve fazer reflectir neste tempo de eleições que vivemos sobre a importância de um voto (seja em que sentido for) em consciência. A Europa que os seus fundadores sonharam não foi esta seguramente!
Portugal tem cerca de 5 milhões de pessoas na diáspora (emigrantes e descendentes) espalhados pelos cinco continentes. Tivemos emigrantes em massa para o Brasil Venezuela, EUA, África do Sul, França, Suíça e por aí adiante. Recebemos um milhão de portugueses das ex-colónias; somos conhecidos por sermos um povo que sabe receber e que se sabe integrar noutras culturas como poucos. Temos agora, mais uma vez, a oportunidade para mostrarmos que somos melhores que os outros e estou certo que receberemos estes refugiados sírios com a dignidade que qualquer ser humano merece.
Podemos aqui também mostrar à Europa (ou a esta manta de retalhos que é na realidade) que em Portugal se dá mais valor à vida humana e à humanidade e não assobiar para o ar e fazer de conta que não é nada connosco.
Estes refugiados, logo que lhes sejam dadas as mínimas condições de estabilidade, regressarão por vontade própria às suas terras. Mas NUNCA se esquecerão de quem lhes estendeu a mão.
Para o bem e para o mal, a Rússia e os EUA vão reunir-se para falar da questão síria, pode começar aqui uma ténue luz ao fundo de um buraco negro para onde foram jogados estes milhões de pessoas.
A Europa na sua essência deve ser um território de tolerância, solidariedade e de criação de pontes de diálogo e não de muros entre os povos.
Estamos em plena época de vindimas na Beira Interior e curiosamente a casta branca mais importante que cá temos chama-se… Síria.
Por: Rodolfo Queirós
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