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A estrada do descontentamento

Avelãs de Ambom junta-se à contestação contra acesso da Guarda à A25

A solução adoptada pelo Instituto de Estradas de Portugal (IEP) para o acesso da Guarda à A25 continua a provocar descontentamento em várias aldeias do Norte do concelho. Assim, depois do Alvendre já ter mostrado o seu desagrado com a forte possibilidade de todo o tráfego que sair da auto-estrada para a cidade ter que passar pela estrada que atravessa a localidade, é agora a vez da Junta de Freguesia de Avelãs de Ambom fazer ouvir o seu protesto. Apesar do tráfego proveniente da futura via não passar pela aldeia, os seus habitantes dizem que vão acabar por «sofrer indirectamente» com o aumento do trânsito na estrada municipal 577 que vai levar à sua degradação e incrementar o risco de acidentes.

Inconformado com o projecto do IEP, o autarca de Avelãs de Ambom pondera mesmo a hipótese da população avançar com tomadas de posição mais drásticas caso nenhuma solução alternativa seja encontrada. «Já temos falado nisso, mas ainda temos esperança de que o projecto vai ser corrigido. Contudo, se as melhores hipóteses não se verificarem encararemos outras formas de luta», garante Luís Figueiró, presidente da Junta. O edil realça que os actuais utilizadores da municipal 577 – como os habitantes de Avelãs de Ambom, Rocamonde, Vila Franca do Deão ou Avelãs da Ribeira – estão «contra este projecto», pois «não vêm com bons olhos» que a via que utilizam todos os dias «venha a ser sobrecarregada com trânsito vindo do Vale do Mondego». Ainda para mais quando, «em princípio, haverá um grande aumento de veículos pesados», o que implica maiores consequências numa estrada «estreita e cheia de curvas» e onde a Câmara fez um avultado investimento em 1999. Mas «sem prever um grande volume de trânsito e, ainda por cima, de camiões», reforça.

Face a isto, o projecto do IEP «não interessa às populações destas freguesias porque vem trazer mais tráfego e perigo» na estrada municipal, bem como «menos qualidade de vida às pessoas do Alvendre e a todos os utilizadores da via». Por outro lado, os utentes da municipal 577 já estão «a ser prejudicados» porque os inúmeros camiões que por lá passam desde o início da construção da futura auto-estrada estão a «danificar muito rapidamente a via e não há nenhuma garantia de que vá depois ser reposta tal como estava antes», receia. «Se o que temos neste momento é bom, eles têm obrigação de deixar tudo na mesma. Podem fazer melhor, agora não aceitamos é que façam pior», avisa. E apesar do tráfego proveniente da A25 não atravessar Avelãs de Ambom, já que o trânsito vindo da Ratoeira irá “entroncar” próximo do Alvendre, Luís Figueiró sublinha que os habitantes vão acabar por «sofrer indirectamente», pois, ao circularem na estrada municipal para a Guarda, vão deparar-se com «mais carros e sobretudo mais pesados».

No entanto, como a “esperança é a última a morrer”, o autarca acredita que «ainda se vá a tempo de encontrar uma alternativa». Aliás, a autarquia já terá apresentado ao IEP uma proposta concreta «que resolvia o problema» e que consiste na construção de uma estrada paralela ao traçado da A25, entre o Alvendre e o nó actual do IP5 na Guarda, mesmo à entrada da cidade. «Seria o ideal para retirar trânsito da EM 577», considera. Entretanto, na última Assembleia Municipal da Guarda, Álvaro Guerreiro, presidente da Câmara da Guarda, corroborou as críticas do autarca de Avelãs de Ambom quanto à forma como o processo foi conduzido. «Não permitiremos que a obra avance à revelia da autarquia e das Juntas que foram, pura e simplesmente, ignoradas», contestou. Indicou igualmente que há uma alternativa «em estudo» e que a autarquia já solicitou uma reunião ao IEP para dar conta da sua «preocupação e intransigência».

Ricardo Cordeiro

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