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A dieta alimentar no I milénio a.C.

Nos Cantos do Património

Ao abordarmos temas como as populações e aldeias do final da Idade do Bronze e a Idade do Ferro, no nosso território, uma das questões que se coloca diz respeito à sua alimentação. De facto, de que se alimentavam? Qual a sua economia?

Uma das hipóteses corresponde à análise dos territórios envolventes aos povoados. Ao conhecermos as características dos terrenos, as suas capacidades, é possível estabelecermos algumas considerações, pois com terrenos montanhosos a pastorícia seria uma importante actividade, base da sua alimentação. Por outro lado, possuímos ainda as referências dos autores clássicos, que descrevem os lusitanos como um povo de pastores.

A inscrição rupestre do Cabeço das Fráguas (Benespera) pode fornecer algumas pistas. São referidas diversas divindades e animais que lhes eram oferecidos em sacrifício, o que segundo Solana Sainz a oferenda teria que ser visível e valiosa, um acto que “[…]puede ser debido a momentos de crises agudas o bien a un acto de sumo agradecimiento.” (Solana Sainz, 2000: 207).

Por fim, os dados resultantes da actividade arqueológica surgem como uma prova indiscutível. Embora as escavações arqueológicas em povoados fortificados na Beira Interior sejam em número reduzido, possuímos alguns elementos que nos permitem afirmar que entre os restos ósseos são os caprinos a espécie animal que domina na alimentação destas populações, surgindo ainda os suínos e o boi doméstico.

Todavia, embora a carne fosse o alimento mais importante da dieta alimentar destes povos, esta seria relativamente diversificada. Novamente recorremos aos dados das intervenções arqueológicas. Entre os vestígios destacam-se sementes de trigo, e restos de bolota, sendo este alimento comum desde, pelo menos, o Bronze Final. É comum nos povoados encontrarem-se ainda moinhos, que permitiam a farinação. O surgimento de pesos de pesca em diversos povoados levam-nos a concluir que também a pesca teria algum relevância.

Desta forma, vemos que já no I milénio a.C. a alimentação das populações era relativamente diversificada, sendo identificados diversos vestígios da sua economia, do seu dia a dia.

Por: Vítor Pereira

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