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«A Covilhã poderá voltar a ser uma referência no panorama musical»

Cara a Cara – Entrevista

P-Que expectativas tem acerca da nova direcção pedagógica do conservatório?

R- Julgo que será uma direcção mais presente e mais próxima da escola. Os elementos da anterior direcção pedagógica não habitavam na zona da Covilhã, o que provocava um certo transtorno e alguma falta de acompanhamento. Com o número de alunos que temos precisamos de uma presença e de um acompanhamento mais próximos para melhorarmos a qualidade da formação das crianças, organizando as actividades que pretendemos desenvolver com mais profissionalismo.

P-Este será o ano de consolidação do Coro dos Pequenos Cantores?

R-O Coro dos Pequenos Cantores nasceu no ano passado, no âmbito do Projecto “A Escola e a Música” que o conservatório desenvolve em conjunto com Câmara da Covilhã. Ou conseguimos ter este ano um patrocínio que possa dar corpo a este projecto ou então teremos que fazer as coisas com calma para não termos custos nem problemas.

P-Na sua opinião, o Coro do Orfeão, que já tem 78 anos, é ainda reconhecido?

R-Chegou a ser um orfeão de sucesso, com mais de 300 vozes. Era um coro que ia a tudo quanto era sítio. As coisas foram-se modificando, foram aparecendo outros coros e o seu papel, não diria que é mais local, mas de âmbito nacional, onde tem desenvolvido algum trabalho. Temos dado provas de que estamos vivos e bem vivos.

P-O conservatório subsiste praticamente com as mensalidades dos 230 alunos. Como poderá a instituição sobreviver?

R-Para além das escolas de música, o Conservatório tem uma escola da pré-primária, do primeiro ciclo e outras actividades, nomeadamente uma classe de ballet e outra de karaté para dar alguma motivação às crianças que não têm tanta apetência para a dança. A instituição vive das mensalidades e os custos das escolas de música são financiados em cerca de 50 por cento pelo Ministério da Educação.

P-Acha que deveria haver um maior subsídio do Ministério e também da Câmara da Covilhã?

R-A Câmara apoia pontualmente as nossas actividades e neste momento está a financiar o projecto “A Criança e a Música”, que em 2004 envolveu 1.400 crianças das escolas do concelho e este ano deveremos ter 1.800 crianças. Quanto ao Ministério da Educação, digo o mesmo que dizem todas as escolas que se dedicam ao ensino da música: obviamente que deveria haver um reforço das verbas, mas também o pagamento pontual dos apoios que estão previstos e cujos atrasos causam problemas financeiros às instituições.

P-Já há alguma colaboração com a Escola Profissional de Artes da Beira Interior. O conservatório também pensa colaborar com outras associações musicais do concelho?

R-Foi o conservatório e a Câmara da Covilhã que criaram há 11 anos a EPABI. Neste momento, os promotores da EPABI são o Conservatório e a Câmara. É óbvio que, atendendo às dificuldades financeiras do conservatório, não podemos ajudar a EPABI, mas fizemo-lo bastante no início com instalações e instrumentos e tem havido uma cooperação. Não podemos estar de costas voltadas e neste momento existem todas as condições para que a cooperação seja complementar. Quanto às outras associações, acho que deve haver essencialmente respeito pelo trabalho de todos para contribuirmos para o desenvolvimento da cidade e da região.

P-Acha que as crianças estão hoje despertas para a música?

R-Neste momento estão mais despertas do que há uns anos, quando era exigido que as crianças soubessem tocar piano e falassem francês. Agora há mais apetência e as pessoas começam a apreender que o ensino da música é importante não só para aprender e a tocar um instrumento, mas fundamentalmente porque contribui de forma significativa para a formação integral do indivíduo. Está provado em alguns estudos que os alunos que têm aprendizagem da música têm resultados mais interessantes nas outras disciplinas.

P-A Covilhã poderá voltar a ser uma referência no panorama musical?

R-Não vejo razões para que não possa ser. Para além do conservatório e da EPABI, existe também a ESART, em Castelo Branco, e outras associações que estão a desenvolver um trabalho interessante.

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