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A Covilhã no mapa do coleccionismo

XI Feira de Trocas e Encontro de Coleccionadores aconteceu na última sexta-feira

O Salão dos Bombeiros Voluntários da Covilhã encheu-se, na última sexta-feira, de coleccionadores e verdadeiros amantes do coleccionismo. Perto de 50 expositores vindos de diversas partes do país, chegaram à cidade beirã e trouxeram anuários de moedas e de selos, colecções de maior ou menor dimensão, onde figuram todo o tipo de artigos, desde chávenas, fotografias, postais a séries menos vulgares, como artigos de bombeiros, políticos e partidários ou referentes a clubes de futebol. E, surpreendentemente, nem mesmo os vulgares pacotes de açúcar ou os carrinhos de brincar parecem escapar à avidez dos coleccionadores.

A XI edição da Feira de Trocas da Covilhã organizada, como habitualmente, pelo núcleo de coleccionismo da Liga dos Combatentes local, contou com o apoio da Câmara Municipal, que colocou o evento no programa das comemorações dos 135 anos de elevação a cidade. No entanto, a principal novidade deste ano residiu na homenagem prestada ao professor Feliciano Júnior de Rio Maior, actual coordenador nacional deste tipo de eventos, um coleccionador que conta já 81 anos.

Apesar de tudo, este ano a afluência de público local ficou aquém das expectativas da organização. João Azevedo, presidente da Liga dos Combatentes da Covilhã atribui a falta de visitantes essencialmente «ao mau tempo» que se tem feito sentir. De qualquer modo, o responsável garante que a Feira de Trocas «vai ter continuidade». Porém, a ideia é tornar esta Feira num verdadeiro ícone no que se refere a trocas, umas vez que «para já é sobretudo um convívio de coleccionadores», explica. Também por isso, a aposta fundamental nas próximas edições será «aumentar a qualidade em termos de organização e condições», garante o presidente. É que antes de tudo, é necessário «um espaço adequado no centro histórico da cidade» para acolher a Feira, «mas actualmente não existe nenhuma infra-estrutura capaz de albergar tanta gente», lamenta o presidente, que acredita que, apesar de tudo, na Cova da Beira existem «muitos e bons coleccionadores».

«O coleccionismo é um vício terrível»

Estiveram presentes na XI Feira de Trocas da Covilhã mais de uma dezena de coleccionadores locais. José Manuel Reinito, de 60 anos, foi um dos que não faltaram à chamada. «Comecei a coleccionar calendários há mais de 20 anos», vai dizendo. Porém, actualmente, o seu principal espólio é constituído por moedas. Já tem um neto que o acompanha nas aventuras do coleccionismo e se dedica a «juntar máquinas fotográficas». No entanto, o coleccionador vai dizendo que, afinal, este é um hobbie que se está, já, a tornar «bastante dispendioso», subsistindo à custa «da enorme paixão pelo mundo das colecções». António Proença Vaz, outro covilhanense, começa por dizer que «colecciona tudo, mas principalmente selos, moedas e calendários de bolso». Um hobbie que cultiva desde os dez anos. «Comecei na filatelia em 1947», relembra, «vivia em Lisboa e o meu pai dava-me senhas para o eléctrico, mas eu vendia-as aos meus colegas, ia comprar selos e depois regressava a casa a pé», graceja. A filatelia constitui, também, a preferência de António Candeias Duarte, outro covilhanense. Tem mais de 60 mil selos, «mas também colecciono moedas, relógios e cintas de charutos», atira. «Este é um vício terrível, acho que já nasci a guardar tudo aquilo que via e me chamava à atenção», conclui.

Rosa Ramos

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