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«A Boidobra é um local de excelência para as pessoas residirem»

Cara a Cara – José Pinto

P – Como explica o crescimento do número de residentes na freguesia da Boidobra, o que contraria a tendência geral dos Censos de 2001

R – Estes números explicam-se talvez pelo facto da Boidobra oferecer um conjunto de serviços, desde a saúde, como o posto médico e o hospital, à educação, onde temos vários estabelecimentos escolares, do pré-escolar e do primeiro ciclo. Também temos boas vias de comunicação, espaços de recreio e de lazer, bem como um centro de dia. Temos serviços que estão muito direcionados para as necessidades atuais da população. Por outro lado, a localização geográfica da freguesia é outra mais-valia, já que estamos muito próximos da cidade. De certa maneira, a Boidobra acaba por ser um local de excelência para as pessoas residirem e depois deslocarem-se para os seus postos de trabalho.

P – O facto de estar perto da Covilhã será mesmo uma das principais vantagens?

R – Sim, está perto da cidade e as pessoas estão a fugir de lá. Nós estamos no sopé da Serra e temos essa vantagem em termos orográficos. Estamos cá mais em baixo e, se calhar, torna-se mais fácil em termos de construção e de criação de novos espaços.

P – Por que acha que as pessoas estão a fugir da cidade?

R – Primeiro que tudo por uma má política nacional urbanística, ou seja, de uma forma um pouco anárquica deu-se privilégio a novas urbanizações e a cidade da Covilhã, e se calhar a maioria das novas povoações, acaba por sofrer essa consequência. As zonas históricas estão desertificadas e as pessoas foram à procura das tais respostas que a Boidobra, por exemplo, oferece. Por outro lado, sabemos igualmente que, infelizmente, em relação ao concelho e à região, também sucede que as freguesias rurais estão a perder população. Os locais de trabalho centram-se nas cidades, pelo que temos muita gente oriunda dessas freguesias.

P – Este aumento de população implica necessidades acrescidas em termos de infraestruturas para a freguesia?

R – Sentimos essa questão de forma muito premente em 2001, quando a população da freguesia cresceu cerca de 53 por cento. Sabemos que sempre que há essa expansão há necessidades tanto ao nível de serviços, como de infraestruturas. Não com o ritmo que desejávamos, mas fomos conseguindo que algumas coisas aparecessem. É certo que continuamos a ter lacunas, se calhar em termos de um ou outro serviço mais capaz. Um dos nossos anseios era, por exemplo, uma creche que permitisse a presença das crianças na freguesia logo desde pequeninas. Precisamos também de melhorar as condições do núcleo histórico, onde se fez algum trabalho em termos de arruamentos, mas temos casas fechadas e falta uma variante a esse núcleo histórico. Em termos de ocupação de tempos livres, temos hoje um dos espaços mais procurados no concelho, que é o parque de lazer. Mas estes serviços nunca são demais. Outro objetivo é a criação de um pavilhão gimnodesportivo que a própria cidade não tem e, estando a Boidobra muito próxima, seria muito útil para todos. A ampliação do cemitério é outra necessidade.

P – Quantos habitantes tem a freguesia atualmente? Há muitos jovens?

R – Em 2001 havia 2.859 residentes e agora 3.251. Em termos dos presentes, tínhamos 2.963 há dez anos e agora 3.503. Jovens com menos de 18 anos temos 623. É um dado interessante, já que representa,em termos de grupos etários, uma fatia significativa e que nos deixa boas perspetivas para o futuro da freguesia.

José Pinto

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