Do estudo encomendado pelo governo ao ex-ministro da Economia Daniel Bessa, resultou a classificação da nossa região em área deprimida juntamente com outras cinco regiões do país. Concluiu-se o que já todos nós sabíamos e que permanentemente sofremos na pele. Ou seja, que nos encontramos numa região desfavorecida onde não existem investimentos, que dispomos de um aparelho produtivo subdesenvolvido, onde em lugar de se criarem novas empresas se assiste ao seu encerramento, onde a agricultura não é apoiada e a carência do reforço dos serviços de saúde é notória.
A cada governo que passa surgem novos estudos e diagnósticos para concluir o que já todos perceberam e para que os governantes possam afirmar a sua enorme preocupação com a “interioridade” da nossa região. Claro está que, quando no final se fazem os balanços, constatamos que nada se avançou e que tudo continua na mesma. As assimetrias regionais que se verificam em Portugal são constantemente justificadas com este conceito de “interioridade” o que para um país com a dimensão do nosso dá vontade de rir !…
A Beira Interior não sofre de “interioridade”, sofre sim é de falta de apoios e incentivos que de uma vez por todas catalisem a economia regional, para que possamos evidenciar todas potencialidades que temos e que não conseguimos aproveitar.
O governo anunciou o Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos (PRASD) através do qual se propõe promover a convergência das regiões desfavorecidas e das medidas específicas dirigidas às áreas e sectores que apresentem debilidades estruturais graves e persistentes. Por outro lado, propõe-se também promover a discussão do diagnóstico e das recomendações do PRASD com os agentes económicos, as organizações não governamentais e as autoridades locais das áreas seleccionadas, para que se adoptem orientações estratégicas concertadas entre o sector público central, o sector público regional e o sector privado.
Assim, espera-se que os responsáveis autárquicos locais aproveitem os parcos meios, que de quando em vez surgem, para remediar a situação, e que estes sejam realmente utilizados em prol do desenvolvimento e melhoria das condições de vida locais. Há de facto pontos fulcrais que podem ser desenvolvidos através deste programa e que vão ao encontro das potencialidades que acima refiro. O estímulo da vocação turística e a afirmação de marcas regionais em Portugal e no estrangeiro estão previstas no PRASD. Numa região onde se inserem Aldeias Históricas, onde as várias formas de Turismo (Turismo Rural, Agro-Turismo, Turismo de Habitação, etc) estão a crescer e onde existem Produtos Tradicionais com qualidade reconhecida há, efectivamente, potencialidades para aproveitar. Não obstante a boa intenção do governo em avançar com este programa, que na sua essência me parece positivo, lá se foi avançando que o papel do Estado será sempre no âmbito de políticas voluntaristas e de acordo com os recursos disponíveis sem aumentar a despesa publica. Ou seja, está feito mais um diagnóstico, ficou manifestada a preocupação com a “interioridade” e lançaram-se medidas “concretas” para impulsionar o Desenvolvimento Regional. Falta a concretização.
Espero sinceramente que no final este programa não tenha passado de mais um rol de boas intenções. Veremos!
Por: João Nuno Pinto