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A Astronomia como ciência – II

mitocôndrias e quasares

De todas as civilizações antigas, foi provavelmente a grega a que alcançou progressos mais significativos na astronomia, tal como muitas outras ciências, que consideravam, na generalidade, como parte da filosofia natural. A civilização grega começou a manifestar-se como cultura importante cerca de 900 a.C. e manteve-se até cerca de 350 d.C. A astronomia grega começou a progredir como ciência entre 450 a.C. e 350 a.C. embora, a maioria das realizações científicas mais importantes dos Gregos se tenham produzido entre 300 a.C. e 200 d. C. Durante esse período, os Gregos não só deram inúmeras contribuições significativas próprias, como também preservaram os conhecimentos provenientes de outras culturas com as quais contactaram.

O ponto focal da civilização grega foi a cidade de Alexandria. Na sua famosa biblioteca foram acumulados e, mais tarde destruídos, os conhecimentos dos Gregos, Fenícios, Babilónios, Indianos, bem como, dos Árabes.

Foram os matemáticos da Índia que criaram o primeiro sistema numérico realmente prático – embora, no século III a.C. Arquimedes imaginasse um método que permitia a manipulação relativamente fácil de grandes números, tendo sido também ele a fazer um dos primeiros cálculos do tamanho do Universo. Estes criaram igualmente a álgebra, que se tornou inestimável para os astrónomos.

Um dos primeiros cientistas gregos foi Pitágoras, que viveu no século VI a.C. e é actualmente mais conhecido pelo seu teorema relacionado com o triângulo rectângulo. Este teorema foi extremamente importante por ter introduzido o conceito dos números na geometria, criando a trigonometria, base da astronomia posicional e do moderno sistema de coordenadas estelares.

Pitágoras expôs também a ideia errónea de que a Terra é o centro imóvel do Universo – uma noção designada por Teoria Geocêntrica do Universo. Esta noção teve um vasto apoio por parte de Aristóteles, Ptolomeu, Eudóxio de Cnido, entre outros pensadores influentes – e manteve-se até ser finalmente refutada por Nicolau Copérnico. Não obstante, alguns cientistas gregos puseram em dúvida a teoria geocêntrica, nomeadamente Aristarco de Samos que, por volta de 280 a.C., sugeriu o que agora sabemos – que a Terra gira em volta do Sol. Essas opiniões foram ridicularizadas, porque se via nitidamente que a Terra estava parada e os corpos celestes giravam em volta dela.

Os Gregos antigos fizeram progressos mais positivos na astronomia prática. Eratóstenes, o bibliotecário de Alexandria, foi o primeiro a empregar a geometria na elaboração de cálculos a partir de observações astronómicas: por exemplo, calculou que o perímetro da Terra era de cerca de 38 300 km, próximo do valor exacto que é, no equador, de 40 075,5 km.

Hiparco prestou uma importante contribuição quando, cerca de 130 a.C., utilizou a projecção estereográfica para fazer um mapa de estrelas. Trata-se de um bom método para transportar as posições das estrelas, que se presume encontrarem-se numa esfera, para a superfície, porque se verifica uma distorção relativamente pequena, e as linhas dos azimutes são arcos de círculo, portanto, fáceis de traçar de exactidão.

Mas, não só os gregos contribuíram para a afirmação das Astronomia enquanto ciência. À medida que a tecnologia ia evoluindo, muitos cientistas, em diferentes partes do globo promoveram o desenvolvimento desta área do conhecimento.

A Astronomia, pela sua universalidade e pelo seu carácter interdisciplinar, é fundamental para literacia científica do indivíduo na sociedade actual.

Vamos então festejar a Astronomia durante este ano!

*or: António Costa

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