«A Arrifana TV é uma câmara que regista o que de importante se passa na freguesia»

P – Como nasceu a Arrifana TV?

R – A Arrifana TV (http://arrifanawebtv.wix.com/arrifanatv) arrancou em setembro de 2010, mas só ficou disponível para o público em fevereiro. Isto porque precisávamos de conteúdos para apresentar logo no início. Podemos dizer que a Arrifana TV surgiu pela primeira vez numa peça de teatro que realizei na freguesia, que retratava a história de um homem que, na altura da emigração, decide ficar no país e muda-se para Lisboa. Começava com um pequeno estúdio de televisão, onde o filho contava a história do pai e depois “viajava-se” entre o estúdio e o teatro. Este estúdio teve de ser preparado como se fosse real… Tínhamos uma câmara feita de material reciclado, por exemplo. É aqui que entra a Arrifana TV, porque era o nome escrito nas paredes. Por outro lado, quando estudei Design de Comunicação e Produção Audiovisual, em Castelo Branco, um professor incentivou-me a fazer filmagens na Arrifana e assim juntar o útil ao agradável.

P – A equipa é constituída por profissionais da área?

R – Não, é um projeto amador. As únicas pessoas da área são um jornalista reformado, que escreve os textos, e eu – na parte da imagem. De resto, temos uma enfermeira que faz a locução dos textos e um jovem que trata da página web da Arrifana TV.

P – Só fazem coisas sobre a freguesia da Arrifana?

R – Sim, mas cobrimos todo o tipo de eventos independentemente do que seja. Há muitas associações, é uma aldeia dinâmica… Podem ser peças de promoção da freguesia, atividades organizadas por grupos, entre outros. Também há outra parte, como o último vídeo sobre a colocação de lombas na avenida, em prol da segurança rodoviária. Podemos mostrar algum problema, o que acontece numa rua… A Arrifana TV é uma câmara que regista o que de importante se passa na freguesia. Há ali muitas empresas devido à facilidade de acessos e é uma aldeia que dá para fazer muita coisa.

P – A Arrifana TV tem algum tipo de financiamento?

R – Não há financiamento envolvido. É um projeto independente, que conta com a ajuda da Junta de Freguesia, que nos informa do que vai acontecer, de algo que se esteja a passar… Trata-se de um projeto por amor à camisola, por amor à aldeia. Mas este projeto, em si, não precisa de financiamento. O material é meu, não é preciso esse investimento. A maior dificuldade é o tempo, quando há várias coisas para fazer ao mesmo tempo.

P – Quem são os vossos espetadores mais fiéis?

R – Os melhores amigos da Arrifana TV são as pessoas naturais da freguesia que não vivem cá. Ficam muito contentes, porque de outra forma não saberiam o que se está a passar. Os locais assistem ao que nós vemos, vivem de perto com isso. Mas, por exemplo, quando eu estudava fora e não vinha durante algumas semanas, chegava e a preocupação era saber o que tinha acontecido. Com este projeto já não há esse tipo de perguntas, uma vez que as pessoas que nos acompanham sabem o que aconteceu.

P – Este projeto tem futuro? Imagina-se a trabalhar na sua área?

R – Este projeto é para continuar, nenhuma das pessoas envolvidas recebe nada, mas fazemos isto por gosto e isso motiva-nos. Imagino-me a trabalhar num canal de televisão de maior dimensão, pois também me formei para isso. Mas, mesmo que venha a sair, vou continuar ligado porque a Arrifana TV tem tudo para não parar. Agora se falarmos em arranjar mais alguém, por exemplo, é complicado porque não há salário.

P – O que têm programado para os próximos meses?

R – Tínhamos um site de “borla” mas já estamos a tratar da nova imagem. Queremos ter novos conteúdos… A partir de junho haverá ciclos de cinema, filmes antigos que as pessoas já viram mas que não veem há muito tempo, como “O Pátio das Cantigas”. Vamos lançar também um espaço de tertúlias, onde vamos ouvir histórias de idosos. Queremos saber como foi a sua juventude e ter noção de como foram esses tempos bastante difíceis. Já em 2011 fiz um filme (“Meio Século, ontem e hoje”) e uma das coisas que fiquei a saber foi que se comiam batatas só com azeite, por exemplo. Isso foi bem retratado e, a partir deste filme, era bom saber mais histórias. Também começámos com alguns documentários, um deles sobre um centro de dia. Estivemos lá dois dias e retratámos passo a passo a rotina diária da instituição. Queremos apostar nestes conteúdos e será para continuar.