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«A APAE vê este edifício de forma diferente dos covilhanenses»

Noémia Lopes reconhece as críticas ao estilo demasiado moderno, mas o que importa são as instalações «dignas»

Apesar das polémicas estéticas e arquitectónicas que suscita entre a maioria dos covilhanenses, o novo edifício da sede da APAE – Associação dos Antigos Professores, Alunos e Empregados da Escola Campos Melo foi inaugurado no Dia da Cidade, tal como prometido por Carlos Pinto.

Contudo, no discurso que antecedeu a abertura, nem o autarca nem os associados da APAE se pronunciaram acerca das linhas modernas e contemporâneas da obra, consideradas por muitos covilhanenses como uma «agressão» por “chocar” com prédios do século XVIII, XIX e XX e, principalmente, por ser um grande contraste com os quatro edifícios do Estado Novo (Câmara, Caixa Geral de Depósitos, Portugal Telecom e Teatro-Cine da Covilhã) classificados no ano passado pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) como “Imóvel de Interesse Público”.

Questionada por “O Interior” acerca do estilo arquitectónico desenhado pelos arquitectos Nuno Teotónio Pereira, Pedro Botelho e Luís Borges da Gama, a presidente da direcção da APAE, Noémia Lopes, confessou, após alguma hesitação, gostar do edifício. «Há várias opiniões, mas a APAE vê este edifício de forma diferente dos restantes covilhanenses», acrescentou, tendo em conta que a antiga sede parecia «um galinheiro» no centro da cidade. «Sabemos que há polémicas acerca do estilo demasiado moderno, mas nós nem nos pronunciamos sobre isso. O que importa é ficarmos bem e estamos gratos à Câmara por esta oferta», reconheceu Noémia Lopes, bastante satisfeita por ter instalações «dignas» para desenvolver as diversas actividades de carácter cultural e associativo previstas.

«No último ano só se podia cá estar de chapéu-de-chuva aberto e só com muito amor à associação é que mantivemos a porta aberta», recordou. Já Carlos Pinto confessou a “O Interior” não ficar «zangado» com as críticas à obra, pois «é próprio da liberdade de cada um». «Não há obra que não tenha opiniões diversas e a arquitectura é uma arte onde normalmente cada um reflecte os gostos e a formação», sustentou, lembrando ter havido também críticas à escultura de Irene Buarque quando a Praça do Município foi remodelada. «Hoje, a rotunda é referenciada por revistas da especialidade e é uma praça premiada», revelou, adiantando ter sido distinguida com quatro prémios de estética e requalificação urbana, a anunciar em Dezembro na revista “Boletim Municipal”. Para Carlos Pinto, o edifício «fecha toda a recuperação» da Praça e irá enriquecer «esteticamente» a Praça do Município. «Conjugar o antigo com o novo numa única praça é um desafio», acrescentou. A nova sede da APAE possui quatro pisos, especialmente concebidos para realizar exposições, tertúlias e outras manifestações culturais. O rés-do-chão, todo envidraçado, acolherá exposições, tal como a sala do segundo piso, baptizada como nome de Carlos Pinto. Já o primeiro piso servirá para tertúlias, enquanto o último será destinado às reuniões e assembleias de sócios. A recuperação em “pedra de fecho” rondou os 200 mil euros, suportados na íntegra pela Câmara da Covilhã.

Liliana Correia

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