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90 anos de história que se traduz num percurso de luta

Crónica Política

Comemorámos 90 anos sobre a origem do Partido Comunista Português, 90 anos de história que se traduzem num percurso de luta, que muitas vezes se confunde com a história do povo português, com a história da resistência à ditadura, com a fundação do regime democrático e com a luta determinada pelo progresso e por de conquistas de direitos de quem trabalha.

Ao longo destes noventa anos, em condições particularmente difíceis, foram muitas as gerações de comunistas que deram o seu melhor em prol de um ideal impregnado de humanismo e sobretudo na defesa intransigente das conquistas almejadas na luta.

De forma explicita e implícita muitos condenaram-no ao desaparecimento, mas desde o seu nascimento foi na ligação ao povo que encontrou força e criatividade para ultrapassar todas as curvas apertadas que o movimento histórico lhe foi impondo.

Mesmo nestes tempos de mistificação e em que se anunciam fins da história e outras ficções, o Partido dos comunistas portugueses continua na primeira linha da resistência à ofensiva contra avanços civilizacionais duramente conquistados.

Não é um Partido de homens e mulheres perfeitos, nem de mártires de encomenda que muito tentam fazer-nos. É um Partido de gente comum, que não vive numa redoma ideológica imaculada e que tem os anseios, as angústias e as esperanças do Povo, genuinamente assim chamado.

Não é seguramente a caricatura que dele fazem os seus adversários, porque se o fosse não estaríamos a comemorar 90 anos da sua existência.

Num tempo de individualismo exacerbado, muitos não têm a apreensão do funcionamento do coletivo do PCP, as suas regras e o empenho com que os comunistas se dedicam às tarefas que elegem como prioritárias, confundindo isso com o dissolver do indivíduo na vontade do coletivo.

Os adversários do PCP repetem a mesma cassete ao longo dos anos. Morrem uns, nascem outros, mas a cartilha decorada apenas é atualizada com as palavras que cada moda temporal impõe, sem perceberem as razões da sua longevidade.

A melhor forma de comemorar o aniversário do PCP é a dedicação às lutas de todos os dias, estivemos e estamos ao lado dos que estão sempre à rasca, mas não queremos que o Povo esteja à rasca, por isso, também participamos na jornada de luta do próximo sábado.

Foi assim nas décadas de 30 e 40, nas jornadas de luta pelo pão, nas décadas de 50 e 60 pela jornada de trabalho de oito horas, na Revolução de Abril, na resistência à destruição do que se conquistou nesses tempos épicos. É assim hoje na luta contra a ofensiva neo-liberal que pretende fazer retroceder as relações laborais ao princípio do século XIX.

A prova de vida de um Partido Comunista não é feita no quadro cíclico dos processos eleitorais, é feita todos os dias nas pequenas e grandes lutas contra a exploração e pela dignidade do ser humano, e estamos em cada momento de forma genuína na defesa dos anseios das populações. Seja na defesa do SNS, da Escola Pública, do Sector produtivo. Temos provas dadas, não para satisfação do ego de cada um de nós, mas a participação é consolidada no caminho da necessária e efetiva transformação social e política.

Por: Honorato Robalo *

* Dirigente da Direção da Organização Regional da Guarda do PCP

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