812

A cidade da Guarda comemora mais um aniversário. Num contexto de crise internacional e depressão nacional, a cidade não encontro melhor para celebrar os 812 anos do que “inaugurar” uma escola que já está a funcionar há quase três meses. Sinais dos tempos, neste caso tempos de dificuldades.

Se o país vive uma crise conjuntural, esperemos que curta no tempo e menos gravosa do que o anunciado no drama das dificuldades, a Guarda vive um crise estrutural de dimensão imensurável. Só a nefasta situação em que o país vive não nos permite ter a percepção exata dos problemas com que o concelho se depara – um cinzentismo atávico e perturbador. A Guarda que se chegou a deslumbrar com um certo crescimento nos primeiros anos da mudança de milénio, vive hoje angustiada e deprimida. Mas esse crescimento foi essencialmente de betão e de um urbanismo pouco qualificado e esteticamente medonho, por culpa desde logo dos pato-bravos que construíram a pensar no lucro fácil e nunca na qualidade habitacional ou do urbanismo da cidade, mas também de uma autarquia que nunca planificou com categoria.

Houve alguns momentos bons. E houve um clamar pela elevação da auto-estima hoje completamente destroçada contra os muros da inércia e da letargia a que fomos votados pelos poderes públicos e pela administração central. Mas também, e essencialmente, pelo imobilismo e a inação de quem tem de levar a batuta numa cidade de província: a Câmara Municipal – seguramente o mais irrelevante e pior executivo que o concelho teve em democracia. A Guarda celebra o aniversário sem razões para sorrir, sem expectativa e sem futuro, sem sonho ou utopia…

E, há falta de melhor, tentámos nestas páginas encontrar alguma vã esperança, algum encantamento, ainda que frívolo, entre os jovens que ainda creem na Guarda. Encontrámos poucos, e quase todos afirmando que querem partir (ou fugir?), mas há alguns. Na música, no teatro, no cinema, no desporto, na tecnologia, na ciência, nas empresas… pode ser que fiquem! Para um dia destes mudarem a Guarda!