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500 dias de impossível

1) O Governo impossível transpôs o cabo dos 500 dias. E a primeira coisa que importa sublinhar, até por ser objetivo, indiscutível, simples, é que os portugueses estão a viver melhor que em finais de 2015.

Portugal está melhor que há ano e meio.

Esse dado objetivo tem que ver com o equilíbrio das contas públicas, défice, indicadores macroeconómicos, emprego, assimetrias regionais, clima social e resulta largamente da estratégia política seguida pelo Governo, influenciada, e bem, pelo diálogo à esquerda do PS com os parceiros da maioria parlamentar, Bloco, PCP e PEV, que apoiam esta solução governativa.

Uma solução de Governo, à esquerda, que pôs fim a uma política neoliberal que levava ao empobrecimento e à crise económica, que dificultava a vida dos portugueses e das empresas e punha em causa o Estado Social.

Parece importante registar a relevância desta “solução portuguesa” para uma União Europeia a atravessar os mais sérios desafios da sua existência. Serenamente, mas com firmeza, evitando sempre conflitos inúteis, a postura do nosso Governo e muito especialmente do primeiro-ministro António Costa, a cooperação institucional impecável com o Presidente da República, colocam Portugal na linha da frente das necessárias mudanças que forçosamente terão de acontecer na União e na zona Euro.

Uma Europa de paz, de tolerância, de liberdade, solidária, é o mais importante projeto construído no mundo no último século. Não podemos assistir à sua destruição e vê-lo morrer aos poucos. Muito menos às mãos de um sistema financeiro internacional selvagem, desregulado, sem rosto, dominado por verdadeiros abutres.

A necessidade de mudanças na UE e nas suas instituições, controladas por eurocratas em que ninguém votou, escandalosamente pagos, mas desligados dos problemas reais dos cidadãos, é imperiosa e urgente.

O mundo de perigos e incertezas em que estamos a viver precisa do contributo da especial maneira de ser dos portugueses e que o nosso Governo e António Costa, com bom senso, têm protagonizado. Portugal e a Europa precisam que continue.

500 dias de impossível? Talvez… mas também é justo reconhecer que realizar o impossível dá muito trabalho e exige competência.

2) Singular tempo este, o da preparação das eleições autárquicas de 1 de outubro.

Militantes partidários disfarçados de independentes e independentes rendidos à comodidade que o partido oferece, eis a receita para uma coligação com todos e com ninguém. Quem está a enganar quem?

Tanto mais quando essa independência postiça não resistiu mais que um dia e lá vimos o partido e as bandeiras, com líder nacional e tudo. Como, aliás, é normal e natural, em democracia, em que ninguém deve ter vergonha de assumir o que é. Ou o que não é…

O contrário, isso sim, seria uma trágica ironia, que só ajuda a reforçar a falta de credibilidade dos políticos. Quem tem medo do impossível?

Por: Santinho Pacheco

* Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda

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