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28 pecados mortais

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As características que tornam difícil o relacionamento entre pessoas foram primeiro definidas nos pecados mortais. Pensemos no nosso local de trabalho e analisemos o que nos faz desgostar de alguém. O que torna pequenas as paredes da esquadra, o que nos irrita naquele colega da Urgência, que me faz não gostar logo daquele cidadão? Este desafio complexo permite construir uma quantidade de palavras que significam má relação, que provocam instabilidade e desarrumam o coletivo social. Funciona como uma lista de doenças, do espaço entre as pessoas, que conduz a uma série de picardias e irritações. Tenho vindo a procurar mais e percebo que a tarefa não era tão complexa como inicialmente a antevi. Primeiro ultrapassar os sete mais um da história e do cinema foi um obstáculo, mas agora vejo muitos mais. Atualmente custa-me codificar numa palavra algumas das características mas já percebo exatamente o que quero representar. A “matilha”, o grupo ou a predileção de alguns pela ação coletiva, pela pertença ao grupo ou ao gangue, não tem uma linguística perfeita mas apouca a cidadania. Inclua-se aqui a subjugação da moda. A interiorização da “fronteira”, a incapacidade de não invadir o espaço alheio que encontramos no toque, na abusiva presença, na falta de linhas que digam, “a partir daqui não” (inibição de contacto). Era mais fácil se o outro tivesse um semáforo na testa. Mas são verdadeiras asperezas à relação a preguiça, a melancolia (a tristeza), o ciúme, o dogmatismo (fanatismo), o medo, a apatia (ou desinteresse), a vergonha, a timidez, a ira, a luxúria, a vingança, a sujidade (a falta de higiene), o mutismo, o vício (qualquer um deles por si só, ou todos), a vozearia, o desprezo, a mentira, a vaidade, a idolatria, a gula, a avareza, a inconsciência (ou irresponsabilidade), a infantilidade, o egoísmo, a incoerência, o ser esquivo. Por tudo isto a relação de pessoas em espaços confinados vira fervura. E agora temos 28 “pecados mortais”.

Por: Diogo Cabrita

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