Há vozes que afirmam que 2011 vai ficar marcado como um ano negro na História de Portugal. No entanto duvido que no que resta desta década haja uma notícia tão boa para nós, portugueses, como a emigração de José Sócrates para Paris. Quando Passos Coelho exortou os professores a procurar emprego noutras paragens, estava a ter em conta o exemplo do ex-primeiro-ministro.
É verdade que no ano que agora acaba o país precisou de pedir ajuda financeira ao estrangeiro. Mas qualquer português com menos de 40 anos sabe o que é pedir dinheiro aos pais ou aos bancos. A Filosofia Política ensina-nos que o Estado é uma representação do povo, por isso nada mais natural que o Estado fazer o mesmo que os seus cidadãos fazem há décadas.
Em 2011, a seleção portuguesa de sub-20 foi segunda classificada no Campeonato do Mundo de futebol, derrotada pelo Brasil na final. 2011 foi também o ano em que o Brasil derrotou as consoantes mudas que abrem as vogais pretónicas (ou como o espetador que se tornou espetador).
Com o ano quase a terminar começaram as portagens nas estradas do Interior, tornando assim possível o antigo sonho de António Guterres de fixar as populações no Interior. Com aqueles preços e os caminhos alternativos, não há maneira de sair daqui.
Este mês de Dezembro foi aquele em que os trabalhadores mais deram conta da crise, quando lhes faltou metade do subsídio de férias, exceto aqueles que já não recebiam subsídio de férias e receberam ainda menos. Se esta fórmula lhe parecer confusa, há uma maneira simples de entender como isto funciona: vá a um repartição de Finanças e entregue tudo o tem. Depois volte para casa, pegue numa cartolina e escreva “Passos perdido, Coelho guisado, só me tem mentido, só me tem lixado”. Junte-se a outros indignados e vá passear para as avenidas em dias de sol.
2011 foi o primeiro ano da segunda década do terceiro milénio. Se isto não quer dizer nada, vou ali e já venho. E quando digo já, quero dizer em 2012.
Por: Nuno Amaral Jerónimo