Até 2013, a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) prevê gastar 20 milhões de euros na requalificação ambiental de 24 das 46 explorações mineiras de urânio desactivadas no distrito da Guarda. As primeiras a serem intervencionadas são as da Bica, concelho do Sabugal, e Senhora das Fontes (Pinhel), onde se prevê que os trabalhos possam arrancar no final de 2007 ou no princípio de 2008.
Numa altura em que Portugal encara a hipótese de retomar a exploração do urânio, nomeadamente em Nisa, no Alentejo, considerada a única zona do país onde pode voltar a ser economicamente rentável a exploração deste minério, a possibilidade da mesma situação ocorrer no distrito está posta de lado: «Não há qualquer justificação económica para que as antigas minas de urânio do distrito da Guarda possam vir a ser reactivadas», indica a EDM. Das 46 áreas mineiras de urânio desactivadas por cá, a empresa prevê intervir em 24 delas até 2013, isto «de acordo com as conclusões do Estudo de Hierarquização de prioridades que contemplou as 175 áreas mineiras abandonadas a nível nacional». De resto, estas 24 explorações já dispõem de planos directores que vão orientar os projectos de execução dos estudos ambientais tidos por «convenientes», explica a EDM. Este ano e em 2007 vão ser desenvolvidos projectos de execução para 14 das 24 minas definidas. O início das obras de recuperação ambiental no distrito está previsto ocorrer «entre o último trimestre de 2007 e o primeiro trimestre de 2008» na Bica (Sabugal), que laborou durante 48 anos, entre 1951 e 1999, e na Senhora das Fontes (Pinhel).
A EDM prevê gastar 20 milhões de euros na recuperação das áreas mineiras do distrito. As intervenções que envolverão «maiores recursos» são as programadas para as áreas mineiras do Castelejo (Gouveia) e da Bica, logo seguidas das minas da Senhora das Fontes e Rosmaneira (Sabugal). Já «pela natureza dos trabalhos que se prevê desenvolver», também merecem realce as requalificações programadas para as antigas minas de urânio de Mortórios (Mêda) e do Prado Velho (Guarda), adianta a EDM. Viseu (12) e Coimbra (3) são outros distritos que vão merecer a atenção da EDM. Até 2013, a empresa conta aplicar 61,8 milhões de euros em obras de requalificação ambiental nas explorações de onde saíram, durante quase todo o século passado, cerca de 4.370 toneladas de concentrado de urânio. A mina da Urgeiriça (Viseu) é considerada uma intervenção prioritária, por apresentar os maiores impactos ambientais. De resto, com 31,6 milhões de euros, Viseu é o distrito com mais financiamento assegurado para este tipo de acções. Recorde-se que a subida dos preços do urânio nos mercados internacionais poderá potenciar a abertura de novas minas em território nacional. Em cinco anos, o urânio passou de 5,9 euros/libra de peso (0,5 quilos) para 32,6 euros.
Ricardo Cordeiro
