Se em termos de saúde sabemos bem tipificar as camadas etárias da população, e fazemo-lo já que cada uma delas necessita de cuidados muito próprios, mais difícil é fazê-lo em relação a um jornal.
Pela simples contagem de anos civis, o jornal O INTERIOR saiu da idade juvenil para a de adulto; mas se sempre se revelou maduro desde a sua criação, como o medimos em anos?
Não teve certamente direito a mimos de infância e desde o primeiro dia ter-se-á sentido escrutinado pelos pares e pelos seus leitores. Nisso pouca diferença faz com a Saúde. Também esta se sente constantemente observada, ora elogiada, ora criticada, sabendo que na roda diária todo o facto pode ser notícia, ou a notícia tornar-se num facto.
As parecenças não se ficam só por este escrutínio a que ambos estão sujeitos, já que para jornalistas e prestadores de saúde nem sempre deve ser fácil conciliar a deontologia profissional com o que por vezes se quer dizer ou calar. Têm de ser equilibrados, não fazer mal maior, mas sem esconder o bom e o mau, independentemente das suas convicções pessoais.
Após os anos passados em que a principal preocupação do ser humano e da sociedade em geral era a luta pela sobrevivência e, mais tarde, pelo direito à liberdade e à educação, atualmente é a saúde o foco em que se concentram os seus desassossegos. Não deixa por isso de ser notório que todas as notícias sobre a mesma a todos interessem, jornalistas, forças sociopolíticas e cidadãos.
Nem sempre a saúde está de acordo com o que é noticiado, mas estamos sempre em sintonia quando se trata de bem informar, seja da maneira como se devem utilizar os serviços, na informação pertinente do que existe, na prevenção e educação para a saúde, no eco das boas práticas e transmissão do que as fabulosas equipas de saúde colocam ao dispor dos doentes, muitas vezes com prejuízo da sua vida pessoal e familiar.
Nos últimos meses a resiliência dos nossos profissionais tem sido posta à prova de uma maneira brutal com o excesso de procura de cuidados por parte de doentes muito idosos, muito frágeis e com necessidade de internamentos acrescidos. O nosso distrito, os nossos utentes, os nossos meios de comunicação social, o jornal O INTERIOR, devem sentir-se honrados com a atitude e resposta que os colaboradores têm dado à sobrecarga de trabalho a que têm sido sujeitos. Assistimos a uma dádiva sem preço, que percebemos como um valor incalculável da nossa sociedade e dos nossos serviços de saúde, levada a cabo por todos aqueles que têm sabido manter uma atitude firme, altruísta e dedicada, revelando a maturidade das nossas equipas prestadoras de cuidados de saúde.
Nos anos que leva de vida, o jornal O INTERIOR demonstrou estar atento aos diversos atores da nossa região e dentro deles os da saúde, e numa posição de querer fazer parte das soluções e não dos problemas.
Noticiou sem juízos de valor, não escondeu os problemas, mas não os criou.
Este ano faz 18 anos; em 2019 será o Sistema Nacional de Saúde (SNS) a fazer 40 anos.
Ao dar os parabéns a O INTERIOR lançamos-lhe também um repto: vamos relembrar os enormes ganhos em saúde que o mesmo Sistema Nacional de Saúde nos trouxe e trabalhar em conjunto para a procura de soluções que conduzam à sua melhoria e continuidade.
Longa vida ao jornal O INTERIOR e felicidades a todos o que o tornam possível.
Por: Isabel Coelho Antunes
* Presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda