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12 Convidados

Conto

O Sr. Flores e a esposa, D. Flor, como viviam sozinhos, resolveram ir a um lar de crianças orfãs. Pediram à Sr.ª Directora se podiam ir jantar a casa deles, na noite de Natal, 12 meninos. Esta disse que sim, e que até os levava lá a casa, acompanhados por uma auxiliar.

Chegado o dia, lá foram todos cantando e rindo. O Sr. Flores e a D. Flor receberam-nos de braços abertos, e até tinham música de Natal. Enquanto iam preparando os meninos para irem para a mesa, o Sr. Flores contou apenas 11, e perguntou à auxiliar o porquê de faltar um. Ela respondeu-lhe:

– Não veio o Manelinho porque tem paralisia nas pernas e só anda em cadeira de rodas.

O Sr. Flores disse então:

– Vamos busca-lo com ou sem a cadeirinha, porque ele faz parte desta equipa, e ninguém vai para a mesa sem o Manelinho chegar.

Quando o Sr. Flores apareceu com o Manelinho, todos ficaram muito contentes, e assim foram para a mesa já com algum apetite.

Havia canja com muitas estrelinhas, bacalhau com batatas, e arroz de pato. Mas o que eles queriam era o que estava numa mesa a um canto da sala. Foi, pois, uma alegria, quando se serviram de gelatina, bolo de chocolate, pudim, mousse de chocolate, gelados e mais guloseimas.

Depois de jantarem, o Sr. Flores arredou as mesas para haver espaço que permitisse aos meninos pular e brincar com os jogos que tinha. Entretanto, o Manelinho foi dar uma vista de olhos ao presépio e à árvore de Natal. Notou que uma estrela no presépio tinha uma lampadazinha que não estava acesa, e foi dizer ao Sr. Flores. Este respondeu-lhe que já sabia, mas que então não havia tempo para tratar daquilo.

E com toda esta alegria, o tempo foi passando, até que a auxiliar disse que eram horas de regressar. O anfitrião deu um presente a cada um e todos estavam preparados para ir embora quando o Sr. Flores pediu que agradecessem ao menino Jesus pelo jantar e Lhe pedissem para que o Manelinho tivesse cura para brincar e correr.

Quando D. Flor acendeu a luz todos ficaram espantados: o Manelinho estava de pé e mexia as pernas. Mas só ele pareceu reparar que a luz da estrelinha tinha acendido.

António do Nascimento

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