A tolerância tem uma dificuldade exacerbada quando encontra o ego. São duas almas que se conflituam e sobretudo se o eu é maior que o próprio corpo. Há uma dificuldade enorme na avaliação que fazemos do selfie porque a observação a partir de dentro é dócil, é amigável e tende a ser favorável. O ego de uma pessoa de 1,60 metros pode ser do tamanho de um elefante. Essa pessoa derruba com facilidade objetos, bate ou raspa com o carro, entra em conflito fácil, discute elevando a voz e muitas vezes anda com a tromba altiva. Um egoísta é muito afável até que lhe pisem a opinião, até que o contradigam. Difícil é não controlar, não definir o caminho. O ego enorme que derrama dos corpos pode surgir depois de uma nomeação. A pessoa aparenta serenidade e bom senso, mas um dia espiga, exibe a medalha, lustra a condecoração e já não conhece amigos, já não telefona aos do quotidiano, já não participa decisões a ninguém, não se aconselha. A tolerância é mais fraca que o ego e por isso se dilui depressa quando este cresce. O ego é como os corpos cavernosos, é esponjoso e absorvente, e desse modo cresce quando se excita. Excita-se com a vaidade, com a exposição, com a sedução.
O ego grande
«Há uma dificuldade enorme na avaliação que fazemos do selfie porque a observação a partir de dentro é dócil, é amigável e tende a ser favorável»