P – Como surgiu o convite para ser mandatário nacional da candidatura de Daniel Adrião a secretário-geral do PS?
R – O convite surgiu naturalmente na sequência de várias conversas mantidas com Daniel Adrião, fruto de um grande envolvimento da minha parte e de vários militantes do concelho da Guarda nesta candidatura. A título de exemplo, a Guarda foi o concelho do país que mais contribuiu com declarações de propositura para a candidatura de Daniel Adrião a secretário-geral do Partido Socialista.
P – Tendo em conta que o adversário é António Costa, esta é uma candidatura desalinhada. Com que objetivos?
R – Esta é uma candidatura alinhada com o legado histórico do PS, honrando um passado de pluralidade, de debate interno e respeito por diferentes correntes de opinião. A apresentação desta candidatura é, desde já, uma vitória – uma vitória da democracia. Devolver a voz aos militantes de base e fomentar o respeito pelas decisões dos órgãos locais, num partido que possa decidir de baixo para cima, são princípios fundamentais que devem ser tidos em conta, no sentido de democratizar internamente o partido.
P – Tem dito que o poder amolece e que o partido precisa de se democratizar. A que se refere?
R – Desde que o PS é poder o debate interno foi deixando de existir, não havendo vitalidade e iniciativa partidária. Neste momento, o partido confunde-se com a governação o que lhe retira capacidade crítica e autonomia. A nível local, por exemplo, pelo facto de o Governo ser do Partido Socialista, não podemos deixar de reivindicar a segunda fase do Hospital ou a reabertura do Hotel de Turismo. Não podemos amolecer na defesa dos interesses do nosso concelho.
P – O partido vive neste momento um regime de pensamento único?
R – Há factos que nos permitem concluir que sim. As eleições para a Federação e Comissões Políticas Concelhias no distrito são disso um espelho. O sufrágio federativo contou com lista única, facto que se repetiu em todas as concelhias do distrito da Guarda.
P –Também é assim na Guarda? Ou não há sequer pensamento?
R – A apresentação de uma lista de candidatos a delegados afeta à moção estratégica “Democracia Plena”, da qual é primeiro subscritor Daniel Adrião, é a prova de que existem diferentes formas de ver e pensar o partido no seio da concelhia da Guarda. Este é um facto de enorme importância e uma prova de militância que deve orgulhar o partido. Não devemos, enquanto militantes de base, passar um cheque em branco aos órgãos dirigentes. Se assim fosse, o partido ficaria refém de perigosos silêncios e falsas unanimidades.
P – Vai apoiar Luís Couto? Já está esclarecido sobre a sua escolha para candidato? O que achou do seu primeiro discurso?
R – Respeito a escolha de Luís Couto e irei apoiar o meu partido, participando, na medida das minhas possibilidades, sempre que a minha intervenção for solicitada. Neste momento, mais do que qualquer discurso, salvo o devido respeito, interessa-me, enquanto guardense, que o PS apresente um projeto político de futuro e mudança. Quanto ao processo de escolha do candidato, independentemente do resultado, enquanto militante base e no local próprio, após as eleições autárquicas exigirei esclarecimentos.
AGOSTINHO GONÇALVES
Mandatário nacional da candidatura de Daniel Adrião a secretário-geral do PS
Idade: 37 anos
Naturalidade: Guarda
Profissão: Advogado
Currículo (resumido): Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; Frequência do mestrado em Ciência Política na Universidade da Beira Interior; Ex-presidente da comissão política concelhia do PS da Guarda; ex-deputado líder da bancada do PS na Assembleia Municipal da Guarda; e diretor de campanha da candidatura de Eduardo Brito à Câmara da Guarda em 2017
Filme preferido: “Os Condenados de Shawshank”, “O Padrinho”, “A Lista de Schindler”, “Intouchables” e “Casablanca”
Livro preferido: “Dos Delitos e Das Penas”, de Cesare Beccaria
Hobbies: Cinema, literatura, xadrez e viajar