A Vida preenche-me tão intensamente que me determina ocupá-la até ao segundo. Trabalho mesmo enquanto como (sei que não é bom para a saúde), como o podem confirmar os amigos do “meu” hotel (tenho um muito especial carinho pelo Turismo e os outros que me perdoem) ou dos restaurantes que frequento. Nunca saio à noite. (E, já agora, parabéns ao Hotel Turismo por, graciosamente, sempre, alojar Fernando Nobre!).
Mas a vinda, à Guarda, de Fernando Nobre foi uma irrenunciável excepção. Parabéns à Secção da Guarda da Ordem dos Médicos, a quem se deve a iniciativa da vinda!
Nobre é uma figura cimeira a nível mundial, eloquente ilustração, a contrario, de como as massas são acéfalas.
Conhece bem a sua própria genealogia e a importância da História – como o demonstrou – , sabe que não há Futuro sem Passado e que se não lutarmos pela Democracia ela não existe. Sabe, igualmente, que a Abundância é ilimitada e depende apenas de nós, que, materialmente, devemos ser tão ricos quanto possível, mas que, sendo a preocupação pelos outros é um irretorquível imperativo. O mundo actual é inquietante e tal não pode ignorar-se. Que a 20% dos opulentos não só não importe que os restantes 80% da população “comam pipocas, bebam Coca-Cola e se imbecilizem frente à TV” – atitude que, ademais, fomentam tanto quanto podem – isso também o sabe e o sente até ao mais fundo das suas vísceras.
O Sionismo e o Estado de Israel em absolutamente em nada diferem de Hitler e do Nazismo e, relativamente aos EEUU (Allbright ou Bush tanto dá), ao “direito da força temos que opor a força do Direito”.
Quem estiver minimamente informado e tiver altura para poder dizê-lo sabe que é assim, mas ouvi-lo da parte de uma personalidade que está permanentemente a viajar (na sua agenda os dias assinalados a cinzento – e são numerosos – são no estrangeiro), discursa nas Nações Unidas, se encontra e opina com os maiores a nível mundial, conhece 130 países e se asperge em infinitas graças desde Ceilão ao Afeganistão ou Ruanda, e etc, etc, etc, isso não é o mesmo.
Foi o que lhe disse. Se de “tudo o que acabamos nasce um deus”, como dizia o meu Prof. de Filosofia Antiga, o certo é que o quotidiano nos imerge num mundo que, a todo o momento, precisa de estar arejado por outras exaltações.
É um cosmopolita no mais excelso sentido do termo. Com toda a naturalidade sabe que – como os gregos no-lo legaram – não há resultado sem esforço, que passar fome – como ele passou e serenamente o declarou – faz bem; e que dizer coisas importantes só para quem estiver à altura delas.
Em Bruxelas aconteceu-lhe não ir ao Hospital por não ter dinheiro para o bilhete do Metro e, quando aí frequentava o Liceu e a Universidade, “enquanto à mesa nunca falava de política por saber que alguém aí haveria para levar as informações ao inimigo”.
“Ser de esquerda ou de direita é algo para que se está nas tintas, porque nada mais conta que a humanidade e o empenhamento próprios”. Mais. “Em privado, qualquer que seja o seu partido, os políticos convivem animadamente (foram, ademais, condiscípulos na Universidade), mas quando as câmaras de TV incidem sobre eles, nos momentos políticos, as encenações são tão veementes quanto possível”.
O optimismo só pode emanar do mais fundo de nós, disse, e a sua elevação, Doutor Fernando de La Vieter Nobre, é de transbordante intensidade.
E estão também de parabéns os que levaram ao “Paço da Cultura” a quantidade de alunas, porque homens, salvo erro, éramos apenas 5: Drs. Henrique Fernandes, Pissarra da Costa e Reis Pereira (ordem alfabética), eu e um jovem que foi o único a responder, e prontamente, que Aljubarrota foi em 1385.
Os sublimes registo, discurso e desassombro, o seu tão natural e óbvio cosmopolitismo, a sua testa alta “só” podiam ser de “sagitário”. Confirmei-o no fim quando lhe perguntei: 16 de Dezembro.
Parabéns, ainda, por ser clara a excelência da sua carta astral!!
22-VI-05
Por: J. A. Alves Ambrósio