Com o aumento da taxa de IVA em Portugal muitos são os produtos onde se nota a diferença comparativamente com Espanha. Este é um dado adquirido. No entanto, e contrariando o lugar comum de que “tudo é mais barato em Espanha”, cada vez que um português equaciona deslocar-se a Fuentes de Oñoro ou outra localidade, deve fazer as contas, pois, de facto, nem tudo é mais barato.
Nos combustíveis as gasolinas são muito mais baratas, mas o mesmo não se passa com o gasóleo que tem um preço similar ao que se pratica em Portugal. A carne é também mais barata, mas é assim há muitos anos. Convém no entanto reter que o aproveitamento dos talhantes espanhóis é muito maior que o dos portugueses, além de que, em Portugal, por exemplo o bife, é caracterizado de forma diferente. Entre nós separamos o bife de alcatra ou da vazia, do bife do acém, entre outras designações, com características e qualidades diferentes e, logo, preços diferentes. Em Espanha, independentemente das características, é tudo resumido ao “filete”, ao “solomillo” ou ao “bistec” (que raramente se econtra nos talhos fronteiriços. Ora, em Portugal um bife do acém é mais barato que um “solomillo” normal em Espanha.
É na cafetaria e restauração que os preços em Portugal são claramente mais baixos que os que se praticam no país vizinho. Mas há muitos outros produtos, dos artigos de têxtil-lar aos sumos néctar, que não compensa comprar em Espanha. No sábado passado fizemos um cabaz de compras dos dois lados da fronteira e não poupámos tanto como seria de esperar. As taxas de IVA em Espanha são de 4% na alimentação, bebidas e outros produtos básicos – em Portugal é de 5% -, é de 7% na restauração – entre nós é de 12% -, e de 16% na generalidade dos produtos – em Portugal era de 19% e agora passou a ser de 21%. É, pois, lógico que fazer compras em Espanha compensa. Mas daí a dizer que é tudo mais barato vai uma grande diferença. E não nos podemos esquecer dos custos de deslocação.
Cada vez que compramos em Espanha é a economia nacional, no seu todo, que sai prejudicada. E cada vez que o fazemos ajudamos Portugal a empobrecer mais um bocadinho.
Luís Baptista-Martins
Luís Baptista-Martins
