Depois de múltiplos adiamentos e atrasos, Outubro era a última data apontada pelo director-executivo do PolisGuarda para que todas as obras estivessem completas na Guarda. António Saraiva garante que «estará tudo concluído» no final do Verão e apenas no Parque Urbano poderão ficar algumas fracções por executar. Para este atraso contribui o facto de o Plano de Pormenor só agora voltar a Conselho de Ministros para ser, finalmente, aprovado. Só depois de publicado, o Polis pode proceder a algumas expropriações litigiosas e intervir nos terrenos, mas isso, seguramente, depois de Outubro.
Esquecido ficou o Túnel da 31 de Janeiro, cujos primeiros estudos confirmaram que não seria possível, «porque temos um espaço muito curto para a saída do túnel» e será a «única» obra que ficará por executar em termos de Centro Histórico, por inviabilidade técnica. O Monocarril, que chegou a ser a “bandeira” emblemática do PolisGuarda, não passou da primeira fase. Para o director-executivo «era um sonho que nunca esteve nos 35 milhões» orçamentados para toda a intervenção. Ainda assim refere que «não é uma utopia completa», porque há documentos camarários que revelam que já na década de 40 houve a intenção de ligar, através de um meio mecânico, a zona baixa da cidade à alta e, por isso, «penso que pelo menos os meus filhos poderão usufruir de um sistema desses», anseia Saraiva. Quanto ao Museu da Água, que faz parte da segunda fase de construções do Polis, aquela em que serão necessários 20 por cento mais de capital para levar esse e outros projectos avante. È o caso do Centro de Interpretação Ambiental e do Jardim da Ciência, para o qual a autarquia conseguiu verbas em programas regionais, mas pode estar na iminência de os perder porque «não temos tratamento daquela zona envolvente e não pode ficar um oásis no meio do deserto», explica o responsável, referindo que é precisamente naquela zona de intervenção onde há o corte em termos de execução de obra e verbas.
As primeiras obras Polis vísiveis na cidade foram o novo quartel dos Bombeiros e depois a requalificação da zona da Estação, um «terreiro esburacado» que se transformou numa «estrutura digna para quem vem de comboio e chega à cidade», diz António Saraiva. Apesar das conturbações de que foi alvo aquela obra, com a intervenção a ter de ser repetida em mais de um local, hoje «está concluída», embora faltem algumas coisas como o equipamento urbano, limpeza e a vedação do parque infantil. O director-executivo lamenta que muitos guardenses digam que não há obra feita, mas lembra que na Guarda existe uma intervenção extensa, onde a poente se encontra o quartel dos Bombeiros, ao centro toda a intervenção do Centro Histórico e termina no Parque Urbano do Rio Diz e na Av. da Estação. «O Polis estica-se por toda a cidade, não é tão visível como outros que se concentram, mas há obra no terreno», diz o responsável. O bloco de alojamentos, na zona norte do Rio Diz, também já está concluído há pelo menos dois anos, mas só ocupado por um dos rendeiros que teve que ser realojado. As fracções ainda não estão registadas, mas Saraiva espera que depois do Plano de Pormenor publicado se proceda à venda em hasta pública das restantes, procedendo também ao arranjo da envolvente, que estará concluído no final de Agosto. Para ali também está projectado o Centro de Interpretação da História de Portugal e o Arquivo Municipal, uma candidatura já ganha pela câmara. «Está a desenrolar-se o projecto», explica o director-executivo do PolisGuarda para também integrar um Museu do Jogo em parceria com a Associação de Jogos Tradicionais, um Centro de Artesanato e as Hortas Urbanas.
Em termos de verbas, António Saraiva confessa que o PolisGuarda desejaria que fossem cumpridos e realizados os compromissos assumidos. «Não queremos mais um cêntimo para além daquilo que estava previsto no Plano Estratégico, porque com esse dinheiro, em falta, realizaríamos toda a intervenção Polis a que nos propusemos», desabafa. E explica que o Polis da cidade “mais alta” foi dos que mais sofreu com os cortes do orçamento, além de ter sido penalizado pelo Eixo II que é só financiado a 70 por cento e não a 75, o que leva a que tenha tido uma redução de 30 por cento em termos de valor previsto (36 milhões de euros). Mesmo assim, «penso que fizemos alguns milagres» e «continuamos com a promessa de terminar o polis», embora tenha ficado a menos de 20 por cento do valor global que estava previsto. Em termos globais, a Guarda «está bem localizada» em termos de região centro, mas confessa que «muitas vezes não foi possível agilizar», o processo de execução de obras, conclui o responsável.
Rita Lopes