Aos 19 anos, Eduardo Félix está numa encruzilhada. Tem de decidir se segue Engenharia Aeronáutica no Instituto Superior Técnico (IST) ou Medicina na respetiva Faculdade da Universidade de Lisboa. Para desfazer as dúvidas, em setembro de 2019, o guardense entrou no curso com a média mais alta do país e no ano seguinte ingressou na Faculdade de Medicina «para experimentar».
«Sempre gostei muito destas duas áreas e inicialmente queria fazer os dois cursos ao mesmo tempo, mas acabei por não o fazer devido ao desgaste mental do desafio», adianta o antigo estudante da Secundária da Sé, que ainda teve direito a baile de finalistas. Estes dois anos de experiência já lhe permitiram chegar a uma conclusão, a de que, «em princípio, será Medicina». Eduardo Félix entrou em Engenharia Aeroespacial, a sua primeira opção, com uma média de ingresso de 19,4 valores e seguiu uma «atração muito grande» pela área da tecnologia, dos computadores e da programação. «Não foi tanto pela questão de ser astronauta, mas para desenvolver equipamentos e programar, até porque nessa altura estava a ser construído o foguetão Space X e tinha a sensação de estar perante uma nova época de Descobrimentos», confessa o estudante. O problema é que o outro sonho também não o largava: «O curso não me desiludiu, mas continuava indeciso com a Medicina e tinha que experimentar, por isso falei com os meus pais e eles aceitaram que mudasse de área», relata.
À Faculdade de Medicina, também em Lisboa, chegou com média final de 18,95 valores, mas a experiência voltou a ser prejudicada pela pandemia da Covid-19 e pelo regresso do ensino online. «Não haver componente prática é muito limitador e um inconveniente muito grande, mas estou a gostar bastante do curso», confirma quem, um dia, quer especializar-se em Cirurgia. «É a área que mais me motiva para continuar no curso», admite o guardense. Atualmente de passagem pela Guarda, Eduardo Félix considera que Engenharia Aeroespacial é um curso «mais exigente, mais difícil», mas não deixou nenhuma cadeira para trás. E não se pense que foi um período fácil: «Além do impacto de sair da Guarda para Lisboa, no Técnico marcou-me muito o tempo que passava a estudar, que foi o máximo, ao ponto de perder muita vida social», recorda.
Situação que já não se repetiu em Medicina, que considera um curso «mais acessível», por apelar mais «à capacidade de memória», ao contrário de Engenharia Aeroespacial, que é mais raciocínio». «Estou a ter melhor experiência em Medicina. Gosto muito dos temas lecionados, tenho mais tempo para relaxar e descontrair», acrescenta o jovem, que se diz benfiquista, mas não acompanha muito o futebol. Com duas vocações tão exclusivas, está fora dos seus planos regressar à cidade mais alta. Se for médico preferirá sempre trabalhar nos grandes hospitais e se vier a ser engenheiro aeroespacial terá mesmo que sair do país. «Gostava de trabalhar no setor aeroespacial, dá mais pica, é mais empolgante. É a tal ideia de fazermos parte de novos Descobrimentos», assume Eduardo Félix, que regressa à capital depois da Páscoa.
Do confinamento guarda a sensação do tempo perdido da sua juventude: «É muito chato porque se perde totalmente a convivência com as pessoas e focamo-nos sobretudo nos estudos, e isso pode ser desmotivador», afirma. Quanto à pandemia da Covid-19, considera que relevou «a importância dos profissionais de saúde» e também a ideia de «querer ajudar» os outros. «Espero que já não haja Covid quando me formar, mas com certeza que será outra coisa qualquer», ironiza, pronto para fazer a sua parte. Até lá, o compromisso de Eduardo Félix é assumir no final deste ano letivo o caminho que vai trilhar. Se se arrepender não haverá volta a dar. «Terei de começar a trabalhar nessa área e depois pagar o novo curso. Mas só se estiver errado e isso vai depender do contacto com a prática», garante o jovem guardense.