Só a partir de Maio do próximo ano é que o Centro de Medicina Reprodutiva da Beira Interior, da responsabilidade do Centro Hospitalar da Cova da Beira, deverá estar a funcionar em pleno.
A data é apontada por Martinez de Oliveira, um dos médicos responsáveis por este projecto, explicando que o laboratório de fertilização apenas poderá ser implementado assim que a Faculdade de Ciências da Saúde estiver concluída. As perspectivas iniciais apontavam a conclusão do edifício da Universidade da Beira Interior para Agosto mas, ao que tudo indica, apenas deverá ficar terminado em Outubro. Daí que a inauguração do mesmo só deverá ocorrer a 30 de Abril de 2005, dia em que a instituição de ensino superior comemora o seu aniversário. «Apesar de haver alguns atrasos na construção, os nossos prazos continuam a decorrer conforme o planeado», aponta Martinez de Oliveira. O certo é que já há pacientes descontentes por este atraso e, essencialmente, por só poderem dar “à luz” em 2007. Numa carta enviada a “O Interior”, uma das 12 pacientes iniciais, que entretanto aumentaram para 30, mostrava-se indignada por «não ter esclarecimentos do hospital» acerca da retoma das consultas do médico brasileiro António Oliani, que, segundo afirma, deveriam ter começado em Março.
«Tudo estava a correr bem até Janeiro, altura em que o professor António Oliani foi para o Brasil mas voltaria em Março. Telefonema atrás de telefonemas para o hospital Pêro da Covilhã e a resposta tem sido sempre a mesma: não sabem de nada e a mais explicações não tenho direito», queixa-se a paciente, ainda para mais quando desistiu do tratamento de fecundação “in vitro” no Porto para passar a ter consultas no hospital covilhanense. «Nada está atrasado», refuta por sua vez Martinez de Oliveira, explicando que as consultas de António Oliani disponibilizadas às pacientes serviram apenas para «ver os casais e realizar exames, pois muitos dos que estão neste momento em tratamento podem engravidar sem recorrerem à fertilização “in vitro”», explica, lembrando que este é um processo demasiado moroso e que «não basta vir às consultas para começar logo a fertilização». É que, acima de tudo, há que «criar o centro, certificá-lo e equipá-lo com um laboratório especializado», refere, pois este tipo de tratamento «não é algo que se possa fazer num pré-fabricado». Daí que o regresso de António Oliani esteja apenas previsto para Novembro para começar a equipar o laboratório de 200 metros quadrados a instalar na futura faculdade.
Já João Gomes, director clínico do CHCB, refuta que não haja esclarecimentos da parte do hospital. «O doutor Oliani esteve cá ainda este mês para conversar com as pacientes, embora algumas não tenham estado presentes por não as termos conseguido contactar», explica, adiantando que o médico voltará à Covilhã a partir de Novembro para poder equipar o laboratório. O projecto de criação do Centro de Medicina Reprodutiva da Beira Interior integra-se num protocolo de intercâmbio científico e tecnológico entre a Universidade da Beira Interior e a Universidade de S. José de Rio Preto (Brasil) e os hospitais universitários das duas localidades através do sistema de telemedicina, e beneficiará sobretudo as pacientes da região ao evitar que estas se desloquem para Coimbra, Porto ou Lisboa para poderem engravidar.
Liliana Correia