Com o aumento dos preços, qualquer dia de folga do lado de cá da fronteira é aproveitado para uma escapadela ao país vizinho, nem que seja para atestar o depósito do carro. No último fim-de-semana foram muitos os portugueses que rumaram a Espanha. Ali encheram os carrinhos de compras e abasteceram de combustível os seus veículos. Foram longas as filas na caixa para pagar e no parque de estacionamento, havia inclusive carros estacionados em segunda fila e até na estrada. Feitas as contas, a diferença de preços na grande maioria dos produtos a que se aplica a taxa de 21 por cento justifica a deslocação, também ela menos dispendiosa quando se atesta o depósito de gasolina – menos 20 cêntimos por litro na gasolina sem chumbo de 95 octanas. Por isso «aos fins-de-semana são bichas e bichas de gente a vir meter combustível em Espanha», conta um guardense enquanto aguarda na fila pela sua vez de abastecer.
Maria Teresa Blanco, gerente dos Supermercados Raimundo, em Fuentes de Oñoro, só tem razões para sorrir. Com esta medida vai lucrar e até já começou a sentir os efeitos: «Vêm muito mais pessoas», diz, sem mãos a medir com tanto trabalho. «É que aqui os produtos alimentares são só a sete por cento», acrescenta. «Ainda ontem esteve cá um casal de Castelo Branco. Vieram passear e aproveitaram para comprar mais barato», revela Maria Teresa Blanco. De resto, com as taxas do IVA em Espanha nos 4 por cento para a alimentação e remédios, 7 por cento no sector da restauração e 16 por cento nos restantes artigos, é fácil termos de desembolsar mais quando se chega à caixa de qualquer loja portuguesa.
Patrícia Correia
