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«O PS está coeso e unido em torno da minha candidatura»

Victor Pereira, candidato pelo PS à Câmara da Covilhã, defende um novo rumo para a cidade

P-A sua candidatura foi uma obrigação por falta de candidatos para encabeçar a lista do PS?

R-De modo algum. Obviamente que o meu adversário mais directo tem todo o interesse em fazer passar esta mensagem, mas a verdade é que assumi esta missão, de grande responsabilidade, de livre e espontânea vontade. O PS entendeu que eu era o militante que reunia as melhores condições para protagonizar esta candidatura.

P-A recandidatura de Carlos Pinto, entretanto anunciada, desmotiva-o?

R-De forma alguma. Dá-me é mais incentivo. É, aliás, um estímulo redobrado que o actual presidente de Câmara venha prestar contas ao eleitorado e que tenha a oportunidade de debater o que fez e o que ficou por fazer. O PS irá confrontá-lo com propostas para o próximo mandato. Confesso que tenho o maior prazer em abraçar esta luta sendo ele o candidato do PSD, apesar de omitir o símbolo do partido nos cartazes. Aliás, é curioso que um membro do Conselho Nacional do PSD esconda e se envergonhe do símbolo do seu partido e não o coloque nos cartazes.

P-Mas reconhece que será um combate difícil e duro?

R- São os melhores. Antevejo um combate político difícil, mas estou certo que vai ser interessante, esclarecedor e que engrandecerá a Covilhã.

P-Acredita que o PS possa conquistar a Câmara a Carlos Pinto?

R-É um objectivo que está ao nosso alcance. Somos o maior partido do concelho e o PS tem sistematicamente retumbantes vitórias em todo o tipo de eleições, apesar de no passado ter tido algumas dificuldades a nível autárquico. Mas, neste momento, creio que elas estão ultrapassadas. O PS está coeso e unido em torno da minha candidatura e estou convencido que a alma socialista vai dar-nos força para nos conduzir à vitória. Perder as eleições não está sequer no meu horizonte.

P-Quais os projectos que define como essenciais para a Covilhã?

R-Irei apresentar o meu programa em breve, que será o mais extensivo possível. Mas, essencialmente, entendo fundamental encerrar o ciclo das acessibilidades, nomeadamente a construção do IC6, a ligação a Seia através dos túneis da Serra e a periférica à Covilhã. Esta foi, aliás, uma obra considerada prioritária pelo actual executivo mas que, passados oito anos, continua por concretizar. A construção de uma piscina de lazer e uma piscina olímpica são também essenciais. Pretendo ainda revitalizar o centro da cidade, no âmbito de um programa que o Governo está a levar a efeito a nível nacional para requalificar essas zonas. Sob a minha presidência, a Câmara da Covilhã terá a oportunidade de melhorar as zonas históricas do concelho. Iremos requalificar, realojar quem ali reside e, nalguns casos, adquirir edifícios para arrendar por um preço módico a jovens. Quero igualmente avançar com as obras de melhoramento do actual aeródromo. Existe um projecto interessante para a sua modernização, mas preferiu-se caminhar para uma ideia megalómana de um aeroporto.

P-A Covilhã necessita de um novo rumo?

R-A Covilhã precisa de um novo rumo e de uma mudança tranquila e serena, no sentido de racionalizar a despesa e fazer a obra indispensável para o seu desenvolvimento. É preciso um estilo de governação humanizado e de rosto humano, de proximidade com os cidadãos. Uma das minhas apostas, caso vença as eleições, é criar um gabinete de planeamento para rentabilizar o próximo Quadro Comunitário de Apoio. É a derradeira oportunidade para aproveitarmos todos os fundos para o desenvolvimento da cidade. Esse gabinete, para além de aproveitar a boa prata da casa, não vai criar grande despesa na Câmara. Tenho ainda a intenção de reduzir os vereadores a tempo inteiro, pois não se justifica haver seis vereadores nessa condição. A Câmara pode funcionar perfeitamente com quatro.

P-Tem notado esta vontade de mudança no contacto com a população?

R-A população tem vontade de mudar de rumo. Sinto que as pessoas querem que a Covilhã tenha novos protagonistas e uma nova maneira de estar. Querem uma Covilhã e uma liderança mais próxima. Querem uma mudança de rosto. E porque tem havido alguma contra-informação da outra candidatura, aproveito para afirmar que os idosos da Covilhã poderão ficar tranquilos porque nenhuma regalia lhes será cortada. Pelo contrário, é minha intenção reforçar, melhorar e ampliar o actual Cartão Municipal do Idoso. Pretendo até alargar este cartão, que denominarei de cartão social, aos desempregados de longa duração e aos jovens. Por outro lado, urge fazer a carta social do concelho, tarefa que será também uma das minhas prioridades. Fazemos gala em afirmar que somos um concelho rico, mas a verdade é que temos muitos pobres, muitos dos quais vivem numa pobreza escondida e encapotada. Há que fazer esse levantamento e ajudar essas pessoas. Nenhuma das outras obras poderá ser plenamente usufruída enquanto houver muita gente necessitada no concelho.

P-Na apresentação da sua candidatura disse estar disposto a «aproveitar as portas no Terreiro do Paço». Ter José Sócrates como primeiro-ministro é o seu grande trunfo?

R-É uma das condições que proporcionarão, certamente, um bom mandato. O facto de ser amigo de José Sócrates e de alguns ministros e secretários de Estado deste Governo são, neste caso, uma condição de facilidade para obter e conseguir investimentos para a Covilhã que outros, no passado, não tiveram a capacidade de fazer. Mesmo quando os Governos eram da sua cor política. Essa será uma mais-valia da minha candidatura e certamente da minha presidência de Câmara.

P-Já pensou na sua equipa?

R-Está definida. Mas neste momento apenas posso adiantar que o candidato à Assembleia Municipal será o engenheiro Rui Moreira. Quanto aos restantes, pretendo aguardar mais uns dias para os anunciar, o que deverá ser ainda este mês.

P-Acha que poderá apagar da memória dos covilhanenses o mandato infeliz de Jorge Pombo?

R-Quem ainda agita o fantasma desse mandato é o actual candidato do PSD para tirar dividendos. O engenheiro Jorge Pombo e a sua equipa já responderam perante os eleitores, quando o PS não foi reconduzido na Câmara. Volvidos oito anos, temos outros protagonistas que irão desempenhar o melhor possível o seu papel, de uma forma empenhada, séria, honesta e competente para que a Covilhã continue na senda do desenvolvimento. Porque a Covilhã não pode parar.

P-Como vê a recandidatura de Carlos Pinto, numa altura em que continua a afirmar que a Câmara da Covilhã está numa situação financeira caótica?

R-A Câmara está entre as 45 autarquias do país proibidas de se endividarem e poderá correr o risco de ter que pedir autorização ao Governo central para comprar coisas mínimas, como acontecer com a Câmara de Setúbal. A Covilhã está a caminhar galopantemente para uma situação de ruptura financeira. 89 milhões de euros de dívida é um número assustador e, para além desse montante, a autarquia terá que começar a amortizar em breve os empréstimos bancários. Pelo que se corre o risco de ficar paralisada numa óptica puramente financeira. A recandidatura de Carlos Pinto é uma fuga para a frente. Não tinha outra alternativa, até porque, como político de profissão, não o estou a ver ficar politicamente desempregado. Aliás, o elenco do PSD que se anuncia vai ser a lista dos “reformados da política”, desde o presidente da Câmara até aos vereadores que se irão recandidatar.

P-A Câmara deveria ter feito mais nestes últimos oito anos com esse valor de dívida?

R-Principalmente nos últimos quatro anos, que poderemos classificar como o mandato das flores e dos jardins. E isso apenas foi possível realizar porque José Sócrates, na altura ministro do Ambiente, proporcionou à Covilhã essas obras através do Polis. Muitas outras coisas ficaram por fazer, como a construção das barragens. Há oito anos, o actual presidente considerou prioritária a construção de, pelo menos, uma das duas barragens. E disse que, caso não se concretizassem, se demitiria. Passado esse tempo, não temos barragem nem ele se demitiu. Esperemos que neste Verão os covilhanenses não sintam na pele a falta de água por causa de uma política de isolamento. É que se não temos ainda a segunda barragem das Penhas nem a da Atalaia é porque o actual presidente não quis aderir ao sistema multimunicipal da Águas do Zêzere e Côa. Se não as temos é apenas por pura teimosia e isolamento político inexplicável.

P-Os contratos entretanto efectuados pela autarquia, como a venda das rendas de habitação social, a concessão do estacionamento e dos esgotos, foram negativos para o município?

R-Vêm comprometer o futuro. Este executivo onerou por muitas décadas o nosso futuro em nome de uma obra que está à vista, alguma dela discutível e muitas bastante dispendiosas. Isso vai acarretar muitos problemas para as gerações vindouras e vedar a possibilidade de um desenvolvimento harmonioso e sustentado.

P-Mas não acha que a cidade se desenvolveu nestes últimos anos?

R-É fundamental que a Covilhã seja perspectivada como cidade locomotiva da Cova da Beira. Mas há muitos anos que não tem tido o protagonismo que deveria ter. O eixo Guarda-Covilhã-Castelo Branco tem que ser protagonizado pela Covilhã, mas a cidade tem que trabalhar em conjunto com os municípios do Fundão, Penamacor, Belmonte e Manteigas no sentido de travar a desertificação e diversificar o tecido económico. A Câmara tem, por sua vez, que ter a capacidade de atrair novas empresas e criar mais postos de trabalho. Não pode continuar a viver nesta insegurança laboral. Só a Covilhã tem mais desempregados que Castelo Branco e a Guarda juntos. E a verdade é que não temos visto da parte autarquia a capacidade de trazer mais empresas e mais postos de trabalho. Falam-se em coisas virtuais, em empresas brasileiras e de aviões, mas até hoje continuamos à espera de uma famosa empresa que o actual candidato do PSD prometeu no seu primeiro mandato, há 16 anos.

P-Como vê o facto de alguns presidentes de Junta eleitos ou apoiados pelo PS nas últimas eleições estarem agora a favor da recandidatura de Carlos Pinto?

R-É uma situação pontual, sem relevo e expressão, que não valorizo. As pessoas são livres, têm as suas opiniões e cada um opta por aquilo que bem entende.

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