As moratórias permitem criar uma cárie bancária grave em março. As moratórias vão deixar a EDP à beira do estado de nervos. As moratórias associadas ao desemprego vão construir um mundo de créditos malparados nunca visto. Os vetos da Hungria e Polónia ao chuveiro financeiro de fundos europeus democráticos vão aproximar o Sul da bancarrota. Os bancos do Sul vão ficar próximos do colapso. Tudo isto pode não acontecer, mas tudo isto é provável hoje.
Peço desculpa, mas tenho uma Unidade de Cuidados Continuados e dois lares aqui na zona Norte onde a Covid tem matado muitos idosos. Tenho já programados uns saldos para várias coisas e promoções muito significativas também. Se trouxerem os seus idosos para aqui, dou as fraldas e a medicação. Vou prometer também umas refeições especiais com leitão da Bairrada e bacalhau à lagareiro. Os meus lares ficaram vazios e tenho de me lançar em promoções que evitem o seu encerramento. Não é fácil garantir clientes onde morreram mais de dez pessoas.
A realização do PIB constrói-se de dinheiro privado nos países onde o Estado não é fazedor de riqueza. Aqui, não temos petróleo nem diamantes, nem gás natural. O lítio está hipotecado a empresas estrangeiras. O PIB paga o salário dos funcionários públicos que decidiram confinamentos arrastando milhares de pessoas do setor privado para o desemprego. O encerramento de comércio e turismo reduziu o PIB em mais de 9% e talvez muito mais após o último trimestre. Os carros vendem-se menos e com o ataque ao gasóleo menos ainda.
Vou colocar em saldo o restaurante. O gourmet passa a feijoadas e empadões. Com dobrada, feijoada, rojões, dou de comer a mais gente e tenho preços reduzidos. Vou oferecer as bebidas e sobretudo aproveitar a promoção da Compal que está enrascada. O pão será sempre da véspera. O preço também reduziu. Talvez pague muito menos impostos depois disto. Vou fechar o hotel e não sei se reabre. Fizeram-me oferta para sexo no hotel, um grupo húngaro. Tenho medo da lei do lenocínio e por isso não lhes entreguei logo as instalações.
Os meus empregados mais giros(as) andam todos a tentar o Instagram e as redes de contactos. Os outros lá foram cheios de medo para os hospitais com doentes de Covid. Antes a doença que a fome! Verdade é que não pago impostos há seis meses porque não tenho como.