A criação da Plataforma Logística do Sudoeste Europeu, em Badajoz, junto à fronteira com Portugal, atraiu a gigante norte-americana Amazon. A empresa criada por Jeff Bezos está a projetar um centro logístico com 200 mil metros quadrados que pode criar mil postos de trabalho diretos.
Este exemplo de Badajoz deve ser inspirador para a Guarda: a Guarda necessita de um Porto Seco para acelerar a economia local, para servir as regiões Centro e Norte e os territórios fronteiriços de Espanha e de Portugal. Esta âncora logística pode tornar-se num autêntico porta-aviões empresarial no interior do país, com impacto na formação do Produto Interno Bruto nacional.
A confluência de três vias rodoviárias – o IP2 entre Bragança-Guarda-Castelo Branco; a A25, de Aveiro para Espanha; e a A23, entre Lisboa e a Guarda, conectada com a confluência ferroviária da Linha da Beira Baixa com a Linha da Beira Alta e a ligação a Espanha e ao centro da Europa, tornam a Guarda na região ideal do interior da Península Ibérica para instalar um Porto Seco que tenha ligação direta aos portos de mar de Leixões, Aveiro, Figueira da Foz e Lisboa.
Há, nesta oportunidade, um fator que não tem sido discutido: é fundamental transformar o troço ferroviário Guarda-Vilar Formoso – que as Infraestruturas de Portugal andam a modernizar – num “troço fronteiriço” cuja classificação permitiria que os comboios de Espanha pudessem operar neste troço da linha da Beira Alta sem condicionantes, como os comboios portugueses: com isso, poder-se-ia transferir o atual processo de desalfandegagem, realizado em Vilar Formoso, para o novo Porto Seco da Guarda.
Falo disto porque, sendo estas matérias ferroviárias da responsabilidade das Infraestruturas de Portugal, compete à Câmara da Guarda efetuar a pressão política adequada para que um investimento tão crítico como este possa ser preparado em trabalhos já em curso. Compete também à Câmara encontrar o operador logístico adequado para operar esse futuro Porto Seco da Guarda e, naturalmente, envolver os portos aos quais a Guarda pode ter ligações diretas ferroviárias ou rodoviárias: Lisboa, Figueira da Foz, Aveiro e Leixões.
Escusado será dizer que um projeto desta envergadura contém uma visão do desenvolvimento empresarial do interior que, pela sua dimensão, exige o compromisso do Governo que estiver em funções. Neste caso, não é só à Câmara da Guarda que compete agir: as ministras com raízes na região, assim como os deputados, têm a obrigação de trabalharem e de apresentarem resultados nesta matéria.
Dirigente sindical