Há 16 anos que o TeatrUBI – Grupo de Teatro Universitário da Beira Interior «abre novos horizontes à forma de fazer e encarar o teatro» na Covilhã. É assim que o presidente Rui Pires destaca a importância do grupo numa cidade onde existem mais três associações ligadas às artes cénicas e performativas. «É sempre enriquecedor para uma localidade, principalmente do interior, existirem vários núcleos de criação artística. Quanto mais, melhor», refere o jovem estudante da UBI, que acha que o teatro universitário veio dar um grande impulso cultural à região.
«Há 16 anos, havia apenas uma companhia profissional, que se limitava a produzir autores clássicos. Com o TeatrUBI surgiram produções mais arrojadas, novos criadores e novas formas de representação», recorda. Com vontade de mudar a sociedade ou, simplesmente, representar, foram muitos os elementos que passaram por este grupo universitário. E o que era apenas uma actividade extra-curricular para muitos, tornou-se a primeira experiência teatral para outros, alguns dos quais deixaram-se invadir pelo “bichinho do palco”. É que muitos dos actores que passaram pelo Teatro das Beiras começaram, precisamente, no TeatrUBI, desistindo mesmo das licenciaturas para ingressarem em escolas de dramaturgia. Fundado em 1989, o TeatrUBI já assegurou um lugar de destaque e tem participado em inúmeros festivais nacionais e internacionais, tendo ganho já alguns prémios em Espanha e Marrocos. “Cada dia sou alguém diferente, cada dia o mesmo”, criação colectiva, arrecadou em 1999 o grande prémio do MITEU – Festival de Teatro de Ourense, organizado pelos Maricastaña. No ano passado, o grupo voltou a ganhar em Ourense uma menção honrosa com “D. Quixote Revisitado”, encenado por Viriato Morais, e o grande prémio na 16ª edição do Festival Internacional de Teatro Universitário de Casablanca, em Marrocos, com a peça “A Ferida no Pescoço”, da espanhola Susana Vidal.
Apesar deste reconhecimento internacional, o TeatrUBI lamenta a falta de reconhecimento na região, de entidades, empresas e dos próprios alunos da universidade. «Parece mentira, mas há muitos alunos que ainda não sabem da nossa existência», desabafa, admitindo que muitos estudantes estarão mais preocupados em terminar as licenciaturas ou em sair à noite. Para já, mais do que as dificuldades financeiras, o grupo luta pela sobrevivência devido ao sistema de rotatividade a que está sujeito. «Neste momento estou muito preocupado com o próximo ano, pois os elementos actuais estão a terminar as licenciaturas e provavelmente não ficarão por cá. Se não aparecer ninguém durante o próximo ano lectivo, isto poderá cair num vazio directivo», avisa, referindo estar já a preparar um “workshop”, no início do próximo ano, para cativar novos elementos.
Liliana Correia