Os apelos às medidas de prevenção face ao surgimento das primeiras confirmações Covid-19 em Portugal, e o consecutivo aumento do número de casos no país, fez disparar o alarme e a corrida às farmácias.
O foco é a contenção e as medidas preventivas, uma das quais a lavagem frequente das mãos. Este facto levou a um cuidado redobrado com a desinfeção das mãos, que se traduziu num aumento exponencial da procura por produtos como álcool-gel e álcool etílico. Também as máscaras cirúrgicas têm esgotado nas farmácias, apesar dos alertas sucessivos para a ineficácia desta “ferramenta” de proteção. A Organização Mundial de Saúde e a Direção-Geral de Saúde não recomendam a utilização de qualquer tipo de máscara por pessoas sem sintomas de infeção respiratória pelo facto de não existirem evidências que o seu uso protege pessoas não doentes. As máscaras são apenas indicadas para pessoas que estejam efetivamente contaminadas – mas isso não impediu a população de as procurar fervorosamente.
A procura tem vindo a aumentar substancialmente, em particular desde «há cerca de duas semanas», de acordo com o relatado a O INTERIOR por diversos farmacêuticos da Guarda. «Estamos sempre em rutura de stock. Vamos conseguindo repor com recurso a diferentes fornecedores, mas as quantidades obtidas são limitadas», afirma a responsável de uma farmácia da cidade mais alta, que preferiu não ser identificada. Diariamente «mais de 100 pessoas» entram numa farmácia em busca dos produtos de higienização e desinfeção, assim como de máscaras. Segundo relatam vários farmacêuticos da região a procura aumentou, «sobretudo a partir do Carnaval» e a rutura dos stocks de desinfetantes à base de álcool e de máscaras é uma constante difícil de combater.
Perante este cenário existem algumas distribuidoras destes produtos que tentam tirar proveito da situação aplicando aumentos de «200 e 300 por cento» do preço das máscaras, de acordo com informações da Farmácia Holon, na Covilhã. João Saraiva, farmacêutico responsável na Farmácia Central da Guarda, corrobora este relato e conta que houve mesmo um distribuidor que «elevou o preço de uma caixa de 50 máscaras cirúrgicas – que habitualmente custa [à farmácia] cerca de 3,50 euros – para 59 euros!». «Recusámo-nos a comprar por esse preço», garante o farmacêutico. «O Governo devia mesmo colocar um teto máximo aos preços destes produtos de forma a evitar esta situação», alerta o responsável.
Já na Farmácia Taborda, no Fundão, o relato é de um aumento no preço por unidade. «Tentaram vender-nos uma máscara de proteção, que habitualmente custa 0,46 euros, a 9 euros», relata o responsável do estabelecimento, que apesar disso garante que esta «não é uma prática de todos os distribuidores» e fornecedores. «No nosso caso os preços das máscaras têm sido sempre os mesmos», garante a responsável da Farmácia Sant’Ana, na Covilhã.