A abertura da feira do queijo de Seia, no sábado, foi a oportunidade para 18 movimentos cívicos do Norte e Centro entregarem uma carta aberta ao dirigida ao primeiro-ministro contra a prospeção e exploração de lítio nas suas regiões.
O documento surge na sequência de um pedido de transparência entregue ao Ministério do Ambiente e da Ação Climática, no passado dia 10 de fevereiro, em que se solicitava a abertura ao público das visitas às autarquias afetadas pelos projetos de mineração já anunciados. Entregue ao secretário do Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Nuno Russo, que inaugurou o certame em representação do Governo, a carta aberta realça o «pedido urgente de estabelecer transparência e participação pública» nestes processos, exigindo a publicação da existente proposta do Decreto Lei das minas. Os movimentos signatários também manifestam a sua oposição à retirada de poder decisório às autarquias locais prevista na nova lei, «numa altura em que se promove a transferência de competências para as autarquias em tantas matérias».
Para os contestatários, as propostas de mineração «não representam um contributo válido para o desenvolvimento sustentável do nosso território. Ao contrário, acreditamos que serão causa de declínio económico e de agravamento da emigração». Na sua opinião, as regiões identificadas como locais potenciais de exploração de lítio podem «antes ser pioneiras de um desenvolvimento genuinamente sustentável», sendo exigido aos governantes «uma visão de longo prazo para os nossos territórios rurais e de montanha». A carta foi entregue pelos Movimentos ContraMineração Beira Serra e Cidadãos por Uma Estrela Viva.