1. A Plataforma Logística. Apresentada em Fevereiro de 2000, a PLIE surgiu como o elixir de que a Guarda precisava. Volvidos cinco anos, o que é que foi feito?
Em Novembro de 2002 foi escriturada a sociedade na presença de Jorge Sampaio. Já tinham passados dois anos sobre a apresentação por Augusto Mateus. E outros tantos sobre a aquisição dos terrenos (perto de 100 hectares que custaram cerca de 100.000 contos). As peripécias políticas tinham ficado para trás.
Depois da definição do plano de negócios tudo parecia encarrilar. Surgiram então dificuldades na obtenção de financiamento.
Em Julho passado foi aprovado pelo Interreg III o financiamento de 3,15 milhões de euros para a infra-estruturação e construção das acessibilidades à Quinta dos Coviais (Gata). No entanto, e pese a promessa então avançada por Álvaro Guerreiro de que no último trimestre de 2004 as obras iriam avançar, só em Dezembro foi lançado o concurso público. Dia 22 serão conhecidos os concorrentes à construção e, quiçá, no segundo trimestre deste ano se iniciem os trabalhos na PLIE. Esta fase do empreendimento terá de estar pronta até ao final do ano.
Entretanto, há quase um ano, alertámos para o lançamento do projecto da Zona de Actividades Logísticas de Salamanca. Os promotores deste projecto estão já na fase de promoção do projecto junto de potenciais investidores, nomeadamente de empresas de logística portuguesas, e não têm pejo em afirmar que a «Plataforma da Guarda está parada» pelo que o melhor é irem para Salamanca.
Também aqui, opinei que a autarquia da Guarda há muito deveria ter assumido este projecto como âncora para o desenvolvimento do concelho. Defendi que devia ter feito opções e que podia ter deixado para mais tarde outros investimentos, assumindo o financiamento deste empreendimento. Não duvido da importância de outras estruturas no concelho. Mas a PLIE é demasiadamente urgente para ser deixada para trás.
Passaram cinco anos. Os jovens da Guarda continuam a partir. A cidade e o concelho continuam a não oferecer emprego qualificado. De que servirão alguns equipamentos públicos se aqueles que poderiam usufrui-los já partiram ou estão de abalada? A autarquia tinha a obrigação de agarrar este projecto, como a última oportunidade para a Guarda.
Enquanto isso, em Celorico da Beira foi lançado um projecto de plataforma logística, que pretende arrancar em breve. Em Viseu, avançou em tempo recorde a primeira fase do Parque Empresarial do Mundão. Já está construído e parcialmente comercializado junto de empresas, nomeadamente, do sector de transportes e logística. Curiosamente, este parque foi devidamente promovido no Encontro Tranfronteiriço que decorreu na Guarda no passado fim-de-semana (a exemplo do que têm feito em muitos outros certames). O mesmo tem feito o Porto Comercial da Figueira da Foz. Estes empreendimentos vão sendo dados a conhecer a potenciais parceiros ou investidores (e no Nerga disponibizaram documentos com várias informações). A PLIE, nesse encontro transfronteiriço, limitou-se a apresentar uma planta da localização. Nem mais uma informação. Quem visitou o certame observou o amadorismo com que se tratam estas coisas na Guarda.
E, já agora, uma empresa de transportes procura terrenos no vale do Mondego para ali instalar, com brevidade, um parque de transportes de carga de grande dimensão. Por todos os lados surgem projectos que directa ou indirectamente podem ser concorrenciais com a PLIE.
2. O Casino. No dia 17 de Janeiro de 2003 a primeira página de “O Interior”, a toda a largura, era dominada pelo seguinte título: «Câmara tenta a sorte com casino». Referíamo-nos à Câmara da Guarda, não à da Covilhã! Em declarações a “O Interior”, Maria do Carmo Borges asseverava que «temos que nos mentalizar que também é com projectos arrojados como este que se dinamiza uma cidade e, porventura, um concelho». A autarca assumia então que tudo faria para colaborar no licenciamento de um projecto desta natureza.
Dois anos depois, e no seguimento do que fomos noticiando, o Conselho de Ministros aprovou o lançamento de uma zona de jogo na Serra da Estrela. Quem fez a candidatura e organizou o processo de licenciamento foi a Câmara da Covilhã.
Pode até ter sido coincidência, mas estou convicto de que Carlos Pinto percebeu que o assunto lhe poderia interessar quando viu a notícia de “O Interior”. Na verdade, só posteriormente a Câmara da Covilhã começou a estudar a hipótese. E fê-lo com discernimento, arrojo e profissionalismo. De tal forma que, em menos de um ano, vai ter licenciamento para criar uma zona de jogo no concelho.
Pode haver quem não aprecie a ideia, mas não tenho dúvidas de que poderá contribuir, substancialmente, para o desenvolvimento do concelho. A sua localização poderá ser nas Penhas da Saúde, mas poderá ser mais abaixo, no antigo Sanatório, ou até mais junto à cidade. O projecto é mais uma vitória de Carlos Pinto.
Pergunto: onde está o casino da Guarda? Está na Covilhã! Onde está o projecto que Maria do Carmo quis defender? Dois anos depois o licenciamento foi conseguido por Carlos Pinto! Parabéns…
Luís Baptista-Martins
Luís Baptista-Martins