Sociedade

Novo dono vai decidir futuro da Dura Automotive

Escrito por Luís Martins

Despedimento de 66 trabalhadores em Vila Cortês do Mondego está suspenso até à conclusão da venda da multinacional no âmbito de um processo de insolvência apresentado nos Estados Unidos

Os despedimentos previstos na Dura Automotive de Vila Cortês do Mondego (Guarda) estão suspensos até novas ordens da multinacional norte-americana. Mas desengane-se quem pensar que esta é uma boa notícia, pois a empresa invocou o Capítulo 11 da Lei de Falências nos Estados Unidos e está à venda. O novo dono do fabricante de componentes para automóveis terá de ser encontrado até ao final deste mês e será ele que vai decidir o futuro da unidade do concelho da Guarda.
O cenário foi confirmado a O INTERIOR pela Comissão de Trabalhadores da Dura. «Como está a decorrer o Capítulo 11, o cenário de despedimentos ficou para já suspenso e só depois da venda o novo Grupo poderá tomar, ou não, essa iniciativa», referem os representantes dos funcionários numa resposta escrita. Recorrer ao Capítulo 11 implica o reconhecimento de dificuldades financeiras, mas garante à empresa a proteção dos credores e permite-lhe continuar a funcionar até chegar a um acordo para viabilizar o negócio e o pagamento das suas dívidas. Trata-se de um procedimento supervisionado por um tribunal. No caso da Dura, o Capítulo 11 foi invocado em outubro de 2019, tendo sido assumido pela administração da multinacional um prazo de quatro meses para vender os seus ativos e negócios.
Por cá, a fábrica de Vila Cortês do Mondego está a laborar, mas «aproximadamente 60 a 70 trabalhadores não têm trabalho e para os manter ocupados a empresa está a dar formações», adianta a Comissão. Contudo, a incógnita quanto ao futuro da unidade é cada vez maior, não havendo neste momento certezas, nem garantias, sobre a sua continuidade. Em outubro tinha ficado decidido que, em 2020, a Dura iria despedir 66 dos 157 trabalhadores, não tendo sido ainda definidos os critérios para a seleção dos funcionários a dispensar, nem datas limite. Na altura a multinacional assumiu ainda que se manteria no concelho da Guarda por mais dois anos (2020 e 2021), mas exigido como contrapartida o congelamento dos salários dos trabalhadores que iriam continuar e o fim dos prémios de produção.
A situação da Dura Automotive sofreu um forte declínio com o fim das encomendas da Boco, um fornecedor da Mercedes, que anunciou a cessação do contrato com a fábrica a 31 de agosto. A saída deste cliente pôs em causa a continuidade da unidade de Vila Cortês do Mondego já que era o responsável por cerca de 50 por cento da sua faturação. A empresa labora desde a década de 90 do século passado nas instalações da antiga FEMSA, tendo chegado a empregar mais de 200 pessoas.

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Luís Martins

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