Pouco mais de uma semana após ter baptizado o Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (CTRSU) como “Central de Compostagem José Sócrates”, o cabeça de lista do PSD por Castelo Branco, Morais Sarmento, voltou a visitar a infraestrutura para denunciar a «irresponsabilidade» do candidato do PS a primeiro-ministro na gestão de dinheiros públicos.
«Este é o melhor exemplo das opções de gestão do engenheiro José Sócrates. Trata-se de um dos maiores investimentos realizados na Cova da Beira que se revelou um desastre económico», acusou Morais Sarmento, criticando os 30 milhões de euros investidos num equipamento que «deveria ter custado apenas 7,5 milhões de euros», à semelhança dos restantes aterros sanitários construídos no país. «Este é o aterro mais caro do país», sublinhou, acusando Sócrates de ter aberto a central «à pressa, antes das autárquicas de 2001, sabendo perfeitamente da inexistência de condições para o seu funcionamento», nomeadamente a ausência de uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR). Um acto «errado» que provocou enormes prejuízos ambientais, designadamente na contaminação dos lençóis freáticos. «Este é um dos cheques que o engenheiro José Sócrates deixou para pagar no distrito», disse Morais Sarmento, para quem «num país normal, alguém responderia pela opção que fez».
Para o candidato, José Sócrates deveria explicar «como justifica os quase seis milhões de contos gastos» num projecto com 12 anos de capacidade de tratamento, mas que estará esgotada «dentro de um ou dois anos». O social-democrata estranhou ainda o facto da concessão da central ter sido atribuída a uma empresa – a HLC – que foi excluída durante o concurso público. Apesar de ter começado a funcionar como compostagem em 2004, já com gestão da empresa Aguas do Zêzere e Côa (AZC), Manuel Frexes, presidente da Câmara do Fundão, considera a central como uma «má solução tecnológica» que imputa às Câmaras um preço elevado por cada tonelada de lixo depositado. «O preço por tonelada de lixo pago na nossa região custa 47 euros, o que é muito superior ao que se paga no nosso país», exemplificou, avisando não estar disposto a «avalizar a ampliação» da unidade porque isso seria aumentar o «erro cometido». Manuel Frexes anunciou ainda que o Conselho de Administração da AZC está a estudar novas opções para resolver o «plano trapalhão de Sócrates», nomeadamente novos modelos tecnológicos e estratégias para a localização deste tipo de equipamentos. «Na altura, podia-se ter optado pelos aterros ou por introduzir tecnologias de aproveitamento do lixo. Há aqui muita coisa errada e infelizmente os efeitos não cessam quando as coisas começam a funcionar bem. Estamos a pagá-los todos os dias com a factura mais cara do país nos resíduos sólidos urbanos», sustentou.
Liliana Correia