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Caso de alegada escravidão com sentença amanhã na Covilhã

Defesa alega que arguidos apenas acolheram pessoas «que precisavam de apoio»

O Tribunal da Covilhã agendou para amanhã à tarde a leitura da sentença do caso de alegados maus tratos, sequestro e escravidão praticados contra três pessoas em Trigais (Belmonte). Durante as alegações finais, na passada quinta-feira, o procurador do Ministério Público considerou terem ficado provados os crimes de sequestro e maus-tratos, mas não o de escravidão. Apesar de não especificar uma pena pretendida para os arguidos, recordou a moldura penal em que incorrem: entre dois e dez anos de prisão pelo crime de sequestro e entre dois a oito pelo crime de maus-tratos. Já o advogado Leonardo Azevedo, que representou Manuel Ferreira, uma das alegadas vítimas, pediu uma indemnização por danos morais não inferior a 17 mil euros, por considerar ter ficado provada «ofensa à dignidade da personalidade humana». Por seu lado, João Peres, advogado de defesa, disse nada ter ficado provado e sustentou que Francisco Botelho acolheu pessoas «que precisavam de apoio». Quanto aos maus-tratos, referiu alguns exames clínicos, segundo os quais as lesões de pelo menos uma das alegadas vítimas teriam antes origem no trabalho diário. Por isso, o advogado acabou por pedir a absolvição dos dois arguidos. O caso remonta a Dezembro de 2003, quando a Polícia Judiciária resgatou de uma quinta três homens, alegadas vítimas dos crimes de que são acusados Francisco Botelho, 63 anos, e Irene de Jesus, 60. Segundo a acusação, os três homens eram mantidos sob ameaça e agressões físicas, obrigados a realizar diversos tipos de trabalhos agrícolas e de construção civil e viviam num curral juntamente com animais. Terão sido conduzidos a Trigais depois de terem executado trabalho agrícola para o arguido em Espanha, sem que tenham recebido os salários prometidos.

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