Eduardo Brito já não é vereador, eleito pelo PS, na Câmara da Guarda. O socialista renunciou ao mandato na sexta-feira, seis meses depois de Álvaro Amaro deixar também o executivo para rumar a Bruxelas. Na hora da saída, o candidato derrotado nas autárquicas de 2017 justificou que quer permitir que o PS «possa fazer as escolhas que se impõem» e reconquistar a autarquia em 2021. Manuel Simões, quinto elemento da lista socialista, será o novo vereador no executivo guardense a partir de janeiro, juntando-se a Cristina Correia.
«Para ajudar a concretizar esse importante objetivo político, renuncio hoje ao meu mandato (…) de modo a permitir ao PS, que sem qualquer espécie de limitações ou constrangimentos, possa fazer as escolhas que se impõem e definir as políticas para resolver os problemas da Guarda», disse Eduardo Brito, tendo acrescentado aos jornalistas, no final da reunião do executivo, realizada excecionalmente na sexta-feira, que «a melhor forma de servir hoje a Guarda é provocar este choque para que se construa uma boa alternativa» à atual maioria social-democrata. «Saio de consciência tranquila e muito satisfeito com o trabalho realizado. Levar o mandato até ao fim era prejudicar uma solução do PS para a Câmara da Guarda porque a maioria está a esboroar-se», considerou o vereador, que deixou uma palavra de «confiança» em Cristina Correia. Já Manuel Simões representará «a nova geração, é o futuro que é preciso para a Guarda», disse.
Na sua opinião, a Guarda «precisa muito de um PS forte, mobilizado e com uma grande liderança», tendo acrescentado que «os socialistas não podem falhar em 2021», mas até lá «o Governo também não». Eduardo Brito desvalorizou a instabilidade que o partido tem vivido nos últimos meses, com as demissões o presidente da Federação, do seu Secretariado e do líder da concelhia guardense: «Essa turbulência é mais fictícia que outra coisa. O partido vai retomar a sua normalidade dentro de mês e pouco. A instabilidade de que falam é como a depressão Elsa, é passageira», ironizou. Na sessão, Carlos Chaves Monteiro, presidente da Câmara, afirmou que Eduardo Brito «serviu bem a Guarda, foi um bom e um grande exemplo daquilo que é o exercício da democracia». Mas aos jornalistas foi mais cáustico, dizendo que o socialista «entrou como saiu. Pouca sabia da realidade da Guarda e sabe muito menos agora».
Nesta sessão, os socialistas felicitaram o autarca social-democrata por ter recuado no caso da localização do futuro Centro de Exposições Transfronteiriço (CET). Chaves Monteiro revelou que vai continuar «a trabalhar e a negociar na primeira localização [terrenos da antiga fábrica Tavares, no Rio Diz], ou tentar encontrar outra solução no âmbito do estudo de localização». O edil justificou a mudança com a «vontade clara» dos guardenses, «que não querem o CET no Parque Urbano do Rio Diz e nós nada faremos contra a Guarda». Cristina Correia, vereadora da oposição, congratulou-se com a decisão e disse esperar por «uma solução a bem da Guarda», enquanto Eduardo Brito considerou que construir pavilhão naquela zona verde seria «um erro de gestão do território». O socialista disse-se também «preocupado» com o facto da Câmara ter pago 2 milhões de euros e não ter conseguido fazer o registo do terreno «passados tantos anos». No entanto, Eduardo Brito acrescentou que o caso do CET é revelador da «pouca saúde política de uma maioria tão sólida», pois o presidente «disse uma coisa de manhã e fez outra à tarde». «Há sinais de esgotamento do PSD na Guarda», sublinhou o ainda vereador.
Tarifas de água e saneamento sem grandes alterações
O executivo aprovou, por maioria, com os votos contra do PS, as novas tarifas de água e saneamento para 2020. Segundo Carlos Chaves Monteiros, os preços para consumo doméstico vão baixar «3 por cento» e o não doméstico aumentará «ligeiramente». As tarifas dos resíduos mantêm-se inalteradas.
«A Câmara segue as regras e orientações da ERSAR, mas tendo sempre em consideração que temos que ter sustentabilidade no sistema», disse o presidente da Câmara, revelando que a instalação de contadores e a ligação de ramais vão passar a ser gratuitas. Para a oposição isso é muito pouco. «O município não quer mexer naquilo que muda a vida das pessoas porque é preciso dinheiro para manter estratégia de festas e eventos», criticou Eduardo Brito.