O Ministério Público (MP) da Guarda deduziu acusação contra dois indivíduos que, durante um passeio de BTT, vandalizaram um painel de arte rupestre «de valor imensurável» no Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC).
A decisão foi divulgada esta segunda-feira no site oficial da Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra e, de acordo com a mesma, o MP imputou aos arguidos o crime de prática de dano qualificado, punível com pena de prisão de dois a oito anos, e deduziu um pedido de indemnização cível, em representação do Estado, de 125 mil euros devidos pela reparação das rochas e pela perda de receitas. Os factos remontam a 25 de abril de 2017, quando a Polícia Judiciária (PJ) da Guarda identificou dois homens como sendo os autores do ato de vandalismo de que foi alvo uma gravura rupestre no sítio da Ribeira de Piscos. Os suspeitos, na altura com 25 e 30 anos e residentes em Torre de Moncorvo, confessaram a autoria de dois desenhos e de uma inscrição legendária sobre o painel central, «vulgarmente conhecido pela representação do “Homem de Piscos”, o qual está classificado como monumento nacional e como património mundial pela UNESCO».
O caso foi denunciado pela Fundação Côa Parque, cujos técnicos foram surpreendidos pela descoberta «de novíssimas gravações de uma bicicleta, um humano esquemático e a palavra “BIK” diretamente sobre o conhecidíssimo conjunto de sobreposições incisas daquele painel, onde, como é universalmente sabido, está o famoso “Homem de Piscos”, a mais notável das representações antropomórficas paleolíticas identificadas no Vale do Côa». A situação levou a reforço das medidas de segurança no parque arqueológico.