Foi polémica e demorada a última Assembleia Distrital do PSD, realizada na segunda-feira em Trancoso. Realizada à porta fechada, a reunião magna dos sociais-democratas da Guarda terminou pelas 2h30 da manhã e foi das mais participadas dos últimos anos, contando com cerca de 90 pessoas, tendo ficado marcada por momentos tensos e muitas críticas à liderança de Carlos Peixoto.
No centro do debate esteve a derrota eleitoral de 6 de outubro com muitas vozes a levantarem-se contra a forma como o presidente da Distrital conduziu o processo de formação da lista. Ao que O INTERIOR apurou, houve cerca de trinta intervenções, com destaque para os «diálogos mais intensos» entre Carlos Peixoto, Ângela Guerra (Pinhel), Fabíola Figueiredo (Seia) e Filipe Rebelo (Mêda), com estes últimos a apontarem o dedo à forma como Carlos Condesso (Figueira de Castelo Rodrigo) surgiu em segundo lugar na lista e ao afastamento da JSD e da ex-deputada e presidente da Assembleia Municipal de Pinhel. Rui Ventura e João Prata também intervieram, tendo o primeiro responsabilizado o líder distrital pela derrota nas legislativas e o segundo criticado o «PSD contravapor» que não se mobilizou durante a campanha. Contudo, ambos acabaram a apelar à união com vista às próximas autárquicas.
Muito críticas foram também as intervenções de Fernando Melo, Luís Soares e David Saraiva, todos da JSD, que responsabilizaram Carlos Peixoto pela exclusão de um elemento da jota na lista às legislativas. A O INTERIOR, Júlio Sarmento, presidente da mesa da Assembleia Distrital, confirmou que a reunião foi «muito participada» e teve «momentos de alguma tensão», realçando que «o tom geral foi muito crítico quanto à composição da lista a deputados», tendo sido também abordadas as próximas autárquicas. O dirigente destacou igualmente o facto de «ainda haver quórum» às 2h30, quando foi dada por terminada a Assembleia Distrital. Júlio Sarmento acrescentou que, pelas intervenções realizadas, «antevê-se um cenário muito dividido quer para a liderança nacional do PSD, quer para a futura liderança distrital».
Contactado por O INTERIOR, Carlos Peixoto, presidente da Distrital e deputado reeleito, declinou falar sobre a reunião, justificando que «as questões e os debates internos do partido ficam la dentro. Não é de hoje. Nunca os comento em público». Por sua vez, Rui Ventura considerou que a Assembleia Distrital serviu para «esclarecer algumas coisas, mas não para Carlos Peixoto «assumir as suas responsabilidades» na derrota nas últimas legislativas. O autarca de Pinhel lamenta que tal não tenha acontecido, como também que o líder não tenha aceite antecipar as eleições para a Distrital do partido, que deverão acontecer em junho. «É um ato de irresponsabilidade não o fazer porque não se preparam as autárquicas a ano e meio das eleições», justificou. «Carlos Peixoto já não se pode recandidatar ao cargo, pelo que quem vier a seguir apanha o processo a meio e não terá tempo suficiente para trabalhar bem este processo se queremos ganhar as autárquicas e contribuir para voltar a ganhar o país», afirma Rui Ventura, para quem «o contravapor» a que se referiu Carlos Peixoto na noite de 6 de outubro «vem de dentro, está instalado na distrital e tem a ver com a falta de humildade do seu presidente».
Carlos Peixoto debaixo de fogo na Assembleia Distrital do PSD
Reunião magna dos sociais-democratas da Guarda foi das mais participadas dos últimos anos e ficou marcada pelas críticas à liderança do presidente da Distrital