Dias da Cunha acaba de nos brindar com mais uma das suas enervantes, inesperadas e pouco concretas declarações. O homem, que fala por meias palavras, veio agora dizer-nos que o caso do apito dourado nem sequer é a ponta do icebergue da corrupção e dos negócios ilícitos que giram à volta do futebol português. Precisamente quando todos nos sentíamos um bocadinho recompensados pela forma como a justiça parece começar a atingir os “intocáveis” eis que Dias da Cunha vem abrir outra frente de investigação. O que ele nos vem dizer é que paralelamente a fenómenos de corrupção da arbitragem haverá outros ilícitos de carácter económico que lesam o estado, e por conseguinte os contribuintes, em valores que poderão ser um autêntico escândalo para o erário público. Num País que funcionasse minimamente Dias da Cunha seria de imediato chamado à justiça para esclarecer e concretizar de imediato todas as suspeitas que deixou no ar. Como estamos em Portugal, o país que não se governa nem se deixa governar, temo que as declarações passem incólumes e que amanhã já ninguém se lembre, nem do alcance nem da gravidade das acusações efectuadas.
A evacuação do estádio do Santiago Bernabeu em Madrid, perante a ameaça de atentado terrorista foi exemplar. Com uma enchente de setenta mil espectadores, foi possível a mole humana abandonar o estádio em apenas sete minutos. A evacuação, que deu em directo na tv, para além de rápida foi ordenada. Todos os intervenientes, desde os jogadores, aos dirigentes (os últimos a abandonar o estádio!) pareceram estar à altura da situação de pânico latente criada. As regras de segurança para uma emergência deste tipo pareceram funcionar na perfeição. Ao visionar toda esta operação de evacuação que para além do susto não teve outras consequências de gravidade, é inevitável a projecção para o que aconteceria se o caso se passasse em Portugal. Lembro-me que ainda há bem pouco tempo um adepto faleceu de uma queda em altura no estádio de Leiria só porque uma grade de parapeito não foi suficiente para o segurar numa correria um pouco mais desenfreada. Imagine-se o que seria de um magote de gente na ânsia de uma saída atabalhoada.
A Covilhã vai ter uma pista de gelo no sapatinho do natal. Perante a previsível avalanche de turistas que irão inundar as estradas da Serra da estrela por esta altura do ano esta aposta do presidente da câmara local parece ter todas as premissas para se tornar na novidade deste ano na serra (augura-se-lhe por isso o êxito que é próprio das novidades). Resta agora saber se a pista terá as condições necessárias, de espaço, e já agora, de segurança, para que possa dar resposta à quantidade de gente que vai querer experimentar a novidade. Já quanto à sustentabilidade do projecto algumas dúvidas se poderão levantar. Será que depois do ano novo passar e de os turistas partirem, a pista continuará a ser viável? Ou acontecerá como em tantos outros investimentos que têm sido feitos na serra e que morrem ou definham por manifesta falta de público para os utilizar?
Por: Fernando Badana