Reza a história que a aldeia de Vila Franca das Naves é a terra das três mentiras, mas agora uma delas tornou-se realidade e a aldeia passou mesmo a vila. «Vai-se finalmente fazer jus ao nome», regozija-se Miguel Madeira, presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca das Naves. Mas mesmo assim não corrobora com o ditado popular, senão vejamos: «Já é uma Vila Franca; também é franca e cordial com a sociedade; quanto às Naves deve ser um ditado anterior a 69, quando ir à lua ainda era uma miragem», graceja o presidente.
«Recebi com muita satisfação a notícia», recorda Miguel Madeira, «é sempre um motivo de orgulho receber um novo estatuto». O único requisito da legislação em que Vila Franca das Naves não cumpria era no número de habitantes, «mas nos outros até ultrapassava», frisa o responsável. Sendo que Vila Franca das Naves apresenta uma área total de cerca onze quilómetros quadrados, com uma densidade populacional de 102 habitantes por quilómetros quadrados e uma população residente que atinge os 1097 habitantes. Para a população esta elevação traduz-se em mais valias, mas «na prática, nós sabemos, que não é isso que acontece», lamenta Miguel Madeira. As pessoas esforçaram-se para conseguir a elevação a vila, «e agora vão esforçar-se por algo mais, como melhores condições sociais», sublinha. Agora há também responsabilidades acrescidas.
Em Vila Franca das Naves a população recebeu a boa nova de várias formas: «Surpresa, entusiasmo e alguma expectativa», conta Miguel Madeira, «o que é natural», pois a população contava ir no dia 17 à Assembleia da República (AR), porque era a data prevista para a resolução dos parlamentares e acabaram por ser surpreendidos com a notícia a partir dos órgãos de comunicação social. «O que forçou a surpresa da população» constata. Porém, a notícia nem deu ainda para saborear, pois «surge num cenário político atribulado», diz Miguel Madeira. No entanto, o tempo não pára e há projectos para avançar, nomeadamente, ao nível das infra-estruturas como: o quartel dos bombeiros, as piscinas cobertas e o centro cultural. «Todos projectos já estão na calha», mas podem sofrer alguns atrasos por causa da instabilidade política nacional, relembra Miguel Madeira.
A candidatura da Mêda foi das mais badaladas e talvez a melhor recebida pelos populares. Em Julho, os dois deputados do PSD, Ana Manso e Fernando Lopes, eleitos pelo distrito da Guarda, apresentaram um projecto de Lei na AR a propor a elevação da vila da Meda à categoria de cidade. O projecto de lei realçava o facto da Meda ser sede de concelho com 16 freguesias que, «pela sua localização e as suas raízes históricas, conferem ao concelho e à vila algumas potencialidades turísticas importantes, assim como uma capacidade de desenvolvimento agrícola, mais vocacionado para a produção vinícola». No sector associativo e cooperativo, refere a existência da Adega Cooperativa da Meda e de duas associações de agricultores, o facto de integrar a Região Demarcada de produção do Vinho do Porto, e ainda a existência da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários medenses, de clubes e associações desportivas, centro cultural e recreativo e grupos musicais. O presidente da Câmara local, João Mourato, entende que a elevação da Mêda a cidade «é um acto de justiça perante uma terra do interior que tem sobrevivido e lutado para cada vez mais ter uma melhor qualidade de vida e bem-estar dos seus cidadãos». O concelho da Mêda possui uma área de 27,91 quilómetros quadrados, compreende as freguesias de Aveloso, Barreira, Carvalhal, Casteição, Fontelonga, Longroiva, Marialva, Meda, Outeiro de Gatos, Paipenela, Poço do Canto, Prova, Rabaçal, Ranhados e Valflor. A população residente da nova cidade é de 2.094 pessoas, que ascende a 2.500 com a freguesia limítrofe de Outeiro de Gatos, correspondendo a 691 famílias, 966 edifícios e 1.113 alojamentos. Por isso considera que esta elevação «é um prémio para a população, pelo desenvolvimento da Mêda na última década», diz João Mourato.
O Sabugal é um dos maiores concelhos do distrito, e até mesmo do país, com uma área total que ultrapassa os oitocentos quilómetros quadrados. Também por isso foi agraciada com o título de cidade. A grande maioria dos cerca de 17 mil habitantes do município ocupa-se, actualmente, da agricultura e pecuária. O tempo do contrabando e da exploração mineira ficou para trás e, hoje, para além das actividades rurais, existe emprego em empresas ligadas às confecções, mármores, granitos, serralharias e lagares. Até ao fecho desta edição não foi possível obter qualquer comentário do presidente da Câmara do Sabugal.