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Turistrela vai transformar antigo Sanatório dos Ferroviários em hotel

Edifício será recuperado em parceria com um grupo hoteleiro internacional

A Turistrela vai assumir a reconversão do antigo Sanatório dos Ferroviários num hotel em parceria com um grupo hoteleiro internacional que se encarregará da gestão da estrutura. Durante o primeiro trimestre do próximo ano, a concessionária do turismo na Serra da Estrela pretende chegar a acordo com esse grupo, para que a obra possa ser lançada no segundo trimestre.

A informação foi avançada à Agência Lusa por Artur Costa Pais, administrador da concessionária de turismo para a Serra da Estrela, que afirmou estar apenas a «acertar alguns aspectos burocráticos» com a Empresa Nacional de Turismo (Enatur). Segundo apurou “O Interior” falta ainda formalizar a escritura da passagem do imóvel para o seu proprietário inicial, a Turistrela, que decidiu accionar em Agosto último à Enatur a cláusula de reversão do edifício concebido em 1927 por Cotinneli Telmo. Por esta não ter cumprido o contrato acordado em 1998, altura em que adquiriu a estrutura pelo valor simbólico de um escudo, apenas com a contrapartida de o transformar numa pousada até 2001.

«O investimento foi por várias vezes adiado e a nova gestão da Enatur já disse que não está interessada. Já perdemos a paciência e vamos nós avançar com a obra», referiu Artur Costa Pais à Lusa, justificando que a Turistrela vai assumir o investimento de construir um hotel, ao invés da Pousada, por causa da crescente procura turística do ponto mais alto de Portugal. «Actualmente, registamos crescimentos de 25 a 50 por cento nos nossos dois hotéis. A próxima passagem de ano já está esgotada desde Outubro e com os preços mais elevados de sempre», justificou, adiantando que as duas estruturas hoteleiras (Varanda dos Carqueijais e Hotel Serra da Estrela) já «têm inclusive reservas para o Carnaval e Páscoa de 2005». Uma procura turística que, na sua opinião, se deve às obras de modernização da estância efectuada no último Inverno.

No entanto, Artur Costa Pais diz que vai manter o projecto de reconversão do antigo sanatório em pousada concebido por Souto Moura e que prevê a construção de 56 quartos – 35 dos quais duplos, cinco familiares e 16 suites-, uma suite presidencial no último piso e um health club, num investimento orçado em 10 milhões de euros. Segundo Costa Pais, o projecto do conceituado portuense deverá sofrer «alguns ajustes» para que possa ter cabimento o orçamento previsto de 10 milhões de euros, sem no entanto «perder a sua grandiosidade e distinção», adiantou.

Sem efeito, fica o concurso público internacional, ganho há mais de um ano pelo consórcio Ramalho Rosa Cobetar e a FCC para a construção da pousada. Um projecto que, de resto, já correspondia a um dos investimentos anunciados pelo governo de António Guterres através do Plano de Aproveitamento das Potencialidades Turísticas e Ambientalistas da Serra da Estrela. No entanto, a sua construção nunca passou de uma promessa. Além da falta de financiamento, o Grupo Pestana também não quis levar a cabo o investimento por questionar a viabilidade da obra por existirem estruturas similares na região: as Pousadas do Convento do Desagravo, de Manteigas, Belmonte e de Linhares da Beira.

RTSE mantém intenção de processar o Estado

A Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE) não abdica de pedir esclarecimentos ao Estado sobre os 15 milhões de euros provenientes de fundos comunitários para construir a pousada e sobre o milhão de euros que foi gasto no projecto do arquitecto Souto Moura e que se destinava à construção de um parque de campismo na Serra da Estrela. «Assim que estiver formalizada a escritura vou pedir responsabilidades», afirmou Jorge Patrão a “O Interior”. «Aqueles que gerem património público e o perdem por negligência depois de investidos milhares de contos têm que assumir responsabilidades e prestarem contas do que fazem», avisa o presidente da RTSE, deixando no ar a possibilidade de processar o Estado caso se confirme a negligência de ter perdido aquele imóvel adquirido simbolicamente por um euro. Entretanto, Jorge Patrão diz estar disponível para colaborar com a Turistrela na recuperação do sanatório. «O nosso empenho em recuperar o sanatório será tão grande como o que foi disponibilizado com a Enatur», sublinha.

Liliana Correia

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