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O senhor que se segue

Crónica Política

Santana Lopes está, finalmente, de saída.

Jorge Sampaio, não fez ainda saber das razões de estado para o efeito, porém, é inegável que não poderia, por mais tempo, permanecer indiferente à irritação e ao descrédito notórios, que o elenco governativo, com as suas sucessivas e infantis trapalhadas, suscitou nos portugueses.

Por isso, de surpreendente, registar-se-á apenas, o espanto com que o Sr. Primeiro-Ministro e alguns indefectíveis da coligação PSD/PP receberam a boa nova.

Socorrendo-me da figura do bebé, tão acarinhada por Santana, esperavam aqueles pais sofridos, que o Chefe de Estado permitisse – comovido com o enjeitado e debilitado bebé, a quem, uma doença congénita crónica ceifou a mínima possibilidade de desenvoltura normal – que a franzina criança gatinhasse, combalida, até ao fim, desconcertando a todos e o país com as suas malfadadas idiotices e irresponsabilidades.

À falta de competência e de sentido de estado, ter-se-á que reconhecer, aos senhores indignados com a atitude presidencial – a única possível –, défice de lucidez e inconsistência política.

A mesma inconsistência que, após o recente congresso laranja, de oposição clara a uma futura parceria pré-eleitoral com o ainda coligado PP, levou alguns dos mesmos notáveis, no fim-de-semana último, a repensarem, para o acto eleitoral próximo, as vantagens decorrentes da união com os seus parceiros de Governo.

E o Partido Popular, o maior defensor das listas conjuntas em futuras eleições, forçado a reconsiderar a sua estratégia eleitoral por imposição da demarcação laranja, anuncia, entretanto, com a determinação habitual do seu líder, que irá sozinho disputar o eleitorado nas legislativas.

A incoerência destes senhores seria de somenos importância e incomodaria de forma reduzida os portugueses, caso não fossem eles, os mesmos, a perfilarem-se, de novo, como candidatos a governantes da Nação. De que façanhas, de que meios auspiciosos lançarão mão para vencer o seu próprio descrédito, gerirem as suas traições e picardias internas e chegarem ao único instrumento de realização pessoal – que concebem e por que lutam –, o poder?

A maioria dos portugueses aplaude a decisão do Senhor Presidente da República e sentir-se-á aliviada.

Saiu, pois, renovada a esperança nacional, assente na expectativa de um novo governo, que possa e saiba recuperar a estima dos portugueses, através da retoma da economia, do reajustamento das finanças públicas, de políticas de emprego, de políticas sociais, de medidas de desenvolvimento regionais e locais e de ponderadas reformas estruturais que aproximem Portugal dos índices europeus.

Um governo capaz de devolver aos portugueses e à democracia portuguesa, o exercício pleno de direitos constitucionais, primários, como o de liberdade de expressão, que pensávamos, jamais seria contestado.

Um executivo, com sentido de responsabilidade e da realidade, competente no domínio das reformas que faltam e tardam no país, sem descurar nunca, as pessoas e as suas condições – é o que todos, legitimamente, esperamos.

É este o desígnio que o Partido Socialista e José Sócrates terão, por respeito e inegável merecimento dos portugueses, que abraçar, com determinação e empenho.

Uma árdua tarefa que, face à crise social e económica que aflige o país e à instabilidade política vivida no últimos anos, só será exequível, com apoio majoritário no parlamento.

Não bastará, ao P.S. cuidar de ganhar o acto eleitoral que se avizinha. Pese embora, a proximidade de posições existente entre este e as forças partidárias de esquerda, acerca de algumas matérias, padecerá, sempre, de incoerência política qualquer compromisso, pré ou pós- eleitoral entre os mesmos.

Da mesma forma, não pode o partido socialista, como sucedeu no passado, ficar à mercê de acordos pontuais com outras forças políticas, para fazer vingar as suas propostas.

É imperioso, que o PS, nas eleições de Fevereiro, obtenha dos portugueses a maioria absoluta dos seus votos. Para bem do país e da estabilidade, governativa e institucional.

Será este o repto a dirigir aos portugueses. Será esta a única maioria que, ao serviço do executivo socialista, melhor servirá os interesses de Portugal.

Por: Rita Cunha Mendes

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