A minha vida é construir, fazer o que gosto,
Afastar os demos da recusa, da obstrução.
Quero ver nascerem vozes, despertar talentos,
Encontrar estradas, novas fronteiras.
Os meus verbos são querer, fazer, andar.
A minha alma tem as palas dos burros
Que olham em frente,
Que trilham percursos, empurram obstáculos,
Carregam preguiças,
Transportam negações,
Arrastam outras bestas sem pudor.
Sigo para a frente e não me detenho
Porque parar é servir-vos o sossego
Que não vos dou.
Quero que se construam
Outros limites
Outros destinos
Se abram novas praças, outros livros,
Outros sons,
Busco a ciência última, a cultura plena,
As formas nunca desenhadas,
Objectos jamais pensados.
E se estrebucho é para vos tirar do colo,
Dos ombros desgastados de carregar a história,
As tradições, os ícones dos outros.
Eu sou a trituradora, o terramoto,
A guerra civil, os cacos no chão,
Os vidros abertos à pedrada.
Eu quero ser o artigo novo, sem referências.
Não tenho vergonha senão de estar parado.
Afastem-se por favor, que a porta está aberta.
Por: Diogo Cabrita