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Promotor da PLIAB exige menos burocracia

Futura Plataforma Logística Integrada Abastecedora do Interior e Beiras, em Celorico, resulta de um investimento privado de 10 milhões de euros

O empresário Fernando Tavares Pereira promete concretizar até 2007 o projecto da Plataforma Logística Integrada Abastecedora do Interior e Beiras (PLIAB) em Celorico da Beira, junto à futura A25. Mas exige do Governo algum apoio financeiro e sobretudo menos burocracia. «Apoiar não dificultando já é uma boa ajuda», disse no sábado o promotor durante a apresentação do projecto na autarquia celoricense. Este investimento privado de 10 milhões de euros, já considerado o maior da Beira Interior Norte, vai ocupar uma área de dez hectares que será transformada num interface comercial para servir transitários, rodoviários e ferroviários, funcionando ainda como mercado abastecedor de uma região que vai da Guarda até Bragança.

A futura plataforma compreende também um hotel com 30 quartos, zona de estacionamento para 200 camiões, áreas de apoio, pavilhões, oficina, linhas de lavagem com capacidade para 300 camiões, postos de abastecimento para todo o tipo de veículos, restaurante, balneários, zonas verdes de lazer, parque com capacidade para meia centena de autocaravanas e equipamentos aptos para darem resposta a todo o tipo de operações de manutenção de veículos pesados. A PLIAB vai ficar entre EN 16 e o IP5/A25, distando cerca de um quilómetro da estação de caminhos-de-ferro, no futuro parque industrial de Celorico. Uma localização estratégica que chamou a atenção do grupo empresarial Fernando Tavares Pereira, que pretende criar um “elemento-âncora” para outras valências complementares. A PLIAB ambiciona ser uma base de apoio a cargas e descargas de todo o tipo de mercadorias, para além de funcionar como área de armazenamento dos mais variados produtos, de modo a viabilizar um mercado abastecedor local e regional. O projecto implica uma parceria com a autarquia celoricense, que vai vender o terreno ao promotor a um preço simbólico. De resto, o investidor conta já com a fixação de empresários portugueses, espanhóis e de outros países europeus, podendo a PLIAB vir a criar cerca de 200 novos postos de trabalho.

Na sessão de apresentação, Fernando Tavares Pereira sublinhou que «é um risco muito grande ser empresário no interior. A burocracia é o nosso maior inimigo, também não temos mão-de-obra qualificada e podemos contar com um custo de mais sete por cento que no litoral para aqui podermos produzir qualquer produto». Obstáculos aos quais se irão somar as futuras portagens, que o empresário estima poderem criar dificuldades ao projecto na medida em que «algumas empresas poderão passar a utilizar outras vias rodoviárias». Contudo, garante que este empreendimento «não fica atrás dos que já existem na Europa». Opinião idêntica tem António Caetano, presidente da Câmara de Celorico, para quem este projecto «é fundamental para contrariar o fenómeno de desertificação do interior e do nosso concelho». Na hora dos discursos, o autarca reclamou maiores facilidades dos municípios no acesso aos financiamentos para as Áreas de Localização Empresarial (ALE). «Estou convicto que Celorico vai ter uma importância extraordinária nos próximos anos», anunciou. Já a secretária de Estado da Indústria, Comércio e Serviços, Maria da Graça Proença de Carvalho, disse ter ficado «muito entusiasmada» com o projecto e por ver que existem em Portugal empresários com «ousadia e capacidade».

A governante recordou, por outro lado, que a eliminação da burocracia tem sido o enfoque do actual Governo, «até porque pensamos que quanto menos o Estado estiver envolvido maior é a possibilidade de desenvolvimento da iniciativa privada, que é o grande motor da nossa economia», esclareceu, esperando que o Estado «não cause problemas a um empresário que tem demonstrado capacidade para concretizar inúmeros projectos».

PLIE concorrente

A Plataforma Logística Integrada Abastecedora do Interior e Beiras (PLIAB) e a Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) da Guarda são projectos «complementares», considera Fernando Tavares Pereira. Contudo, o empresário admite que ambas são concorrentes: «É bom que haja esta concorrência, pois só assim o interior e o país irão desenvolver-se», refere, desejando que a PLIE se concretize o mais rapidamente possível. Menos certezas tem a secretária de Estado da Indústria, para quem «pode não fazer sentido haver dois investimentos similares numa zona tão próxima». Maria da Graça Proença de Carvalho também acha que a concorrência tem que funcionar, mas sublinha que «o êxito de cada projecto depende em grande medida dos seus promotores e dos apoios que ele consegue congregar». Pelo que se viu em Celorico, a governante sabe agora mais da PLIAB do que da PLIE, em projecto desde o ano de 2000: «Não sei como está o projecto da Guarda, mas acho que devemos deixar funcionar os mercados, até porque ninguém irá estabelecer-se se não considerar que o investimento é rentável e que vai ter resultados», referiu.

Luis Martins

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