Cerca de duas centenas de estudantes participaram sexta-feira, na Guarda, na manifestação pelo clima, alertaram para as consequências das alterações climáticas e exigiram “justiça climática”.
A ação integrada na greve climática da comunidade estudantil juntou alunos do ensino básico e do secundário, que percorreram as principais ruas do centro urbano entre a Praça Velha e a Praça do Município, onde os representantes dos estudantes foram recebidos pelo presidente da autarquia. A manifestação teve início após as intervenções das porta-vozes do movimento na Guarda, tendo Beatriz Realinho lido um manifesto onde é defendido o urgente encerramento das centrais termoelétricas de Sines e do Pego «já na próxima legislatura» e das centrais de ciclo combinado «antes de 2030». O documento defende ainda a reflorestação das áreas ardidas com espécies autóctones e a proibição da exploração de combustíveis fósseis no país, das minas a céu aberto (caso do lítio). Mais investimento nos transportes públicos, nas energias renováveis e na eficiência energética e a introdução de reformas na agricultura para que seja mais sustentável e eficiente.
Durante o percurso, os jovens entoaram palavras de ordem como “Não há planeta B”, “A nossa luta é todo o dia. É pela água, floresta e energia” ou “Ó senhor ministro, diga por favor porque é que no Inverno ainda faz calor!”. Os jovens empunharam também cartazes onde se lia “Mudem o sistema, não clima”, “Salvem a Amazónia”, “Stop Lítio” ou “Make love not CO”. A O INTERIOR, Rafaela Aleixo, outra das mentoras da iniciativa (ver entrevista na pág. 2 desta edição), considerou que, na Guarda, ainda existe «um número enorme de jovens que não está minimamente preocupado» com os efeitos das alterações climáticas. O que pode ser corrigido com «a procura de informação» sobre estas temáticas, a participação nas atividades do movimento e a integração do tema «de forma mais ativa» nas escolas e nas instituições públicas. Apesar disso, Rafaela Aleixo sublinha que os jovens «acordaram» para a crise climática numa altura «em que ainda há esperança. Por isso queremos ação e temos vontade de construir na sociedade um novo paradigma baseado na Justiça Climática, que é o nosso grande mote».
Na Câmara da Guarda, o presidente Carlos Chaves Monteiro elogiou o empenho dos jovens, apelando a que «nunca vos falte a voz e a ação porque ainda é possível salvar o nosso planeta». Além dos estudantes, o protesto juntou ambientalistas e políticos locais, nomeadamente os candidatos do Bloco de Esquerda e do PAN às legislativas pelo círculo da Guarda.
Na Covilhã, a greve climática também juntou cerca de 200 pessoas, entre estudantes do secundário, da universidade e cidadãos. A manifestação decorreu entre o polo I da UBI e a autarquia, onde o objetivo era apresentar uma carta de 50 propostas ecológicas para o concelho, «muitas delas de alta urgência, mas bastante exequíveis a curto-prazo». O que não aconteceu porque, «infelizmente, fomos recebidos com a porta de entrada de uma casa que é de todos os cidadãos a fechar-se, literalmente, durante os 12 minutos de silêncio», criticou o MAPA – Movimento Académico de Proteção Animal, que organização a ação.